23 de fevereiro de 2010

The Devil and Daniel Johnston - Loucuras de um Génio






Direção: Jeff Feuerzeig
Ano:2005
Duração: 105 Minutos


Génio, Maníaco-Depressivo, Cantor, Compositor, Artista. Um retrato sobre a loucura, a criatividade e o amor. Daniel Johnston é um enigma, e uma lenda viva da cultura popular. Adolescente reclusivo, Daniel começou a dar mostras de uma invulgar capacidade artística, criando filmes em super-8 e bandas desenhadas na cave da sua casa. Mas aos olhos da sua família Cristã fundamentalista, essa não era uma forma produtora de contribuir para a sociedade. Desde que o criador dos Simpsons e seu grande fã, Matt Groening, o homenageou na sua coluna do LA Weekly, há alguns anos, referindo que "alguém deveria fazer um documentário sobre Daniel Johnston", e que Kurt Cobain o declarou o maior autor de canções vivo, que Daniel era considerado o tema ideal para um documentário.
Foi necessário o trabalho do realizador Jeff Feuerzeig e do produtor Henry S. Rosenthal para o tornar realidade.

Iggy and the Stooges - Raw Power, A crueza sonora!




Para começar a falar algo sobre esse disco, é preciso repetir um clichê a respeito de Raw Power - "a trilha sonora do fim do mundo". Passados 30 anos, o mundo continua aí, mas se ele resolver acabar agora mesmo, ou algum dia, a trilha perfeita será Raw Power. Os Stooges tinham lançado dois álbuns até então - "The Stooges" de 1969 e "Fun House" de 1970, ambos pela Elektra, que tinha em seu cast da época artistas e bandas "doidonas" como Jim Morrisom e os Doors, Arthur Lee e o Love e também Rob Tyner, Wayne Kramer e os MC5 - mas nada se comparava a trupe demente de Iggy Pop.


Como os Stooges não vendiam nem um terço do que os Doors vendiam, e a dor de cabeça era sempre infinitamente superior aos lucros, a Elektra chutou a banda em meados do ano de 1972. Outro motivo foi os insanos ensaios que os chefões da gravadora presenciavam para um possível terceiro disco dos rapazes. Iggy resolve acabar com tudo e os irmãos Ron e Scott Ashton (respectivamente guitarrista e baterista dos Stooges) ficam furiosos. Eles até chegaram ao cúmulo de fazer um show chamado "A Noite em que você poderá ser Iggy Pop", onde eles iam "testando calouros" da platéia, todos com ambições de se tornarem o novo Iggy!


Por outro lado, Iggy se afundava nas drogas pesadas e ficava literalmente bundando pela cidade, sendo sempre "recolhido" da sarjeta por algum amigo. Um desses amigos foi Steve Paul, então empresário de Johnny Winter e Rick Derringer, que convenceu Iggy a se mudar para Nova Iorque. Lá Steve daria "casa, comida e roupa lavada" ao amigo, e até pressionaria bastante Iggy a formar um novo grupo com Rick Derringer, o que obviamente não vingou devido à gritante incompatibilidade de estilos musicais e de vida também. Nessa época Iggy era da turma de Steve e de Danny Fields, uma lenda novaiorquina, responsável pelo descobrimento dos Stooges em 1968, quando era uma espécie de "caça-talentos" da Elektra. A turma não saia do Max's Kansas City, uma mistura de boteco e casa de espetáculos, onde desfilavam músicos, artistas, traficantes, drag queens e outros.

Um belo dia, David Bowie e seu empresário Tony DeFries aparecem no Max's e topam com Iggy. Bowie já era fissurado no iguana desde os primeiros dias dos Stooges, e naquela noite rolou o convite para Iggy integrar o cast da Mainman, de propriedade de Bowie e DeFries. O convite foi aceito imediatamente, e Bowie já sugeriu que Iggy formasse um novo grupo na Inglaterra, com Edgard Broughton e o World War 3. Iggy descartou a idéia logo de cara e disse que só iria para Londres se pudesse levar consigo um guitarrista - James Williamson, seu fiel escudeiro na época. Chegando na Inglaterra a dupla não conseguia se sentir à vontade com músicos ingleses. Para a nova banda, foram cogitados alguns integrantes da banda de Bowie (então com os exímios "Spiders From Mars"), do Mott the Hoople, e até Twink - o lendário baterista do Pink Fairies. Nada parecia agradar a dupla, até que Williamson sugere que os irmãos Ashton passem a integrar o grupo, sendo que Ron assumiria o baixo, já que o próprio Williamson cuidaria das guitarras.


A banda agora é rebatizada de Iggy and the Stooges, como declarou Iggy na época: "As pessoas sempre estiveram mais interessadas em mim. Ninguém ligava para aquela banda horrível! Aqueles caras não conseguiam nem montar um aquário sem eu estar por perto". O grupo se trancou numa casa nos arredores de Londres e passou a ensaiar por dias a fio, gravando demos e praticando bastante. Dessas sessões, vários temas não foram aproveitados em Raw Power, como "I Got A Right", "I'm Sick Of You", "Scene of the Crime" e "Tight Pants".

Uma paleozóica versão de "Search and Destroy" também emergiu daquelas sessões e foi o primeiro tema a ser mostrado para o empresário Tony DeFries, que odiou a canção e chegou até a declarar que aquilo não era música, negando-se a lançar aquilo num álbum. Nesse ponto, podemos perceber como foi importante a presença de Bowie na ocasião, pois ele convenceu DeFries a deixar Iggy fazer o que lhe fosse conveniente nessa pré-produção do terceiro disco dos Stooges.


Muita droga, confusão e grana rolavam nos escritórios da Mainman. As tours de Bowie e do Mott the Hoople rendiam fortunas, assim como adiantamentos da CBS para a gravação do novo disco de Iggy, que literalmente torrava toda a grana com drogas e farra, ao invés de aplicar na gravação do álbum.

A coisa chegou a tal ponto que Iggy e os Stooges entraram em estúdio para fazer "Raw Power", e durante os 12 dias em que rolaram as gravações, nem Bowie, nem DeFries e ninguém da Mainman sequer deu as caras para ver o que estava rolando. Melhor para Iggy, que poderia gerar seu mais insano filho sem pressão alguma. Ele chegou a confessar que apesar daquela loucura toda, durante as gravações ele se concentrou ao máximo no que fazia, chegando inclusive a proibir a presença de namoradas, traficantes e outras "influências" no estúdio. Eram Iggy, os Stooges, as drogas e as bebidas somente: essa foi a receita de "Raw Power".

Musicalmente falando, "Raw Power" era o maior caos sonoro já produzido por uma banda em estúdio. Em plenos anos dourados do Rock Progressivo, onde o mundo babava em Yes, ELP e Pink Floyd, no underground e no submundo podre dos Stooges a música era muito mais excitante e verdadeira a quem quisesse ouvir. O Glam Rock também era febre na Inglaterra, mas os Stooges preferiam sangue ao invés da purpurina. "Search and Destroy" é a maior abertura de disco de todos os tempos, composta de pura adrenalina deliciosamente perigosa. A inspiração veio de uma coluna da revista Time, que declarava os horrores da guerra do Vietnã - Iggy escreveu a letra enquanto injetava heroína e lia a matéria. "Gimme Danger" trazia alguma influência de Doors em suas linhas mórbidas. Era uma ode de Iggy aos perigos e aventuras de se levar uma vida bissexual. "You Pretty Face is Going to Hell" além de ser um belo título, ainda era um visceral drive levado a cabo pela voz detonada de Iggy. A próxima faixa é a assustadora "Penetration", que foi a primeira composição de Iggy com James Williamson; aliás, a dupla compôs sozinha todas as faixas de Raw Power. A faixa título começa com um belo arroto de Iggy, e o que vem depois é Rock cru, básico e bruto o tempo inteiro. "I Need Somebody" pode ser considerada a balada do álbum (junto com "Gimme Danger") e é um Blues à moda Stooges. O clima é mantido com a xuleira (no bom sentido) levada de "Shake Appeal", e o disco se encerra com "Death Trip", a conclusão de um amaldiçoado disco, que já nasceu fadado ao fracasso, mas que seria elevado à obra prima suprema do Rock anos depois.


Com o final das gravações, a banda estava completamente exausta. Num curtíssimo espaço de tempo eles escreveram, conceberam, ensaiaram e gravaram as oito faixas do disco. Iggy resumiu bem o espírito da época: "Eu sabia que seria amaldiçoado por lançar algo como Raw Power. Sabia que ninguém iria promover o disco, ninguém iria tocá-lo no rádio, e sabia também que muita gente iria odiar o disco, mas por outro lado, estava completamente convencido de aquela era a melhor música que eu poderia fazer".

Desde o início, Bowie queria produzir o disco, mas Iggy deu um chega pra lá no inglês, pois queria ter total controle sobre a obra. Ele passou a cuidar da mixagem e a fez de forma bem amadora e crua. DeFries caiu de costa quando ouviu o trabalho final, e resolveu mandar Iggy para Hollywood. Logo depois, Bowie também vai para Hollywood e convence Iggy a remixar o disco, pois a CBS se recusava a lançá-lo daquela maneira. Iggy, já cansado de tudo aquilo, ainda mais corrompido pelos excessos de Hollywood, topa fazer uma nova mixagem, meio que num esquema "ou vai ou racha".

Iggy, Bowie e seu guarda-costas Stewie se trancam no velho e barato Western Studios para em um único dia remixarem o disco inteiro. Iggy na época criticou bastante o estúdio, dizendo que a mesa de som era tão velha que deveria ter sido usada pelo Elvis no início de sua carreira. Quanto à arte da capa, Iggy declarou: "A capa foi imposta contra a minha vontade, eu a odiei. Eles nem me mostraram a capa antes do disco sair". Com tanta loucura acontecendo junto, o disco acabou saindo do jeito que saiu. Graças a Deus!

### LP originalmente lançado em 1973 pela Columbia
Mixagem de Bowie e Iggy
Do jeitinho que ele veio ao mundo. Deguste dessa saborosa obra amaldiçoada 30 anos atrás, em sua total plenitude esporrenta e visceral.

### Primeira edição em CD pela Columbia em 1990
Completamente dispensável. Se você quiser a mixagem original de Bowie/Iggy, corra atrás do LP (raríssimo), já que o som dele é infinitamente superior a essa porca edição. Nada de informações, nada de graves, baixo inexistente, som enterrado e irritantemente agudo/metalizado. Ao contrário do que muita gente pensa esta edição não é totalmente fiel ao LP. Basta conferir a ausência do arroto que Iggy dá antes da faixa "Raw Power", que reaparece na nova versão remixada pelo próprio.

### Segunda edição em CD, remasterizada e remixada por Iggy Pop. Lançada pela Columbia/Legacy em 1997
Essa edição deu o que falar, e as opiniões dos fãs e críticos diferem em vários aspectos. Foi elaborada para ser a "versão definitiva" do álbum, já que foi remixada pelo próprio Iggy, se não fossem levadas em consideração algumas "cositas":


Está certo que o baixo e os graves eram completamente inaudíveis naquela primeira edição em CD, mas Iggy exagerou nos graves nessa remixagem. Outras mancadas podem ser ouvidas logo no início de "Penetration", onde Iggy aumenta o som do Time Cube (uma inovação para a época, que foi mostrada aos rapazes via Bowie). O aparelho soava como "sininhos" angelicais cheios de eco. Em "Gimme Danger" essa sonoridade também vem à tona. Na versão mixada por Bowie, esses efeitos são bem mais discretos e quase imperceptíveis no meio da maçaroca sônica que o grupo disparava. O final de "Gimme Danger" também está diferente, com Iggy "terminando" sua parte vocal, já que na versão original, sua voz era limada através de um fade out. Em "Death Trip" - faixa que encerra o disco - essa nova versão também traz um final diferente, com James Williamson voltando a fazer o riff inicial bem no finalzinho do tema. Na versão anterior o fade voltava a atacar novamente e ia abaixando o volume da banda.

No lado gráfico, um capricho todo especial foi dado ao relançamento. Libreto de 19 páginas, retauração da arte original do LP, fotos raras e inéditas e uma entrevista elucidativa com Iggy.


####### Conclusão #######
O mais recomendável é a aquisição do LP original de 1973 e do CD com mixagem do próprio Iggy Pop. Assim você terá as duas mixagens, disponíveis com o melhor desempenho que cada formato pode oferecer.

Pato Donald cantando The Number of the Beast





O curioso e engraçado vídeo abaixo foi postado pelo usuário amthegreatest do YouTube. Qualquer informação extra sobre o músico será muito bem-vinda.




Velvet Revolver: procura por vocalista continua, diz Slash




O guitarrista SLASH (GUNS N' ROSES, VELVET REVOLVER) disse à RollingStone.com que o VELVET REVOLVER planeja concluir a busca por um novo vocalista uma vez que ele termine a turnê do seu álbum solo, que será lançado em abril nos EUA.

"Eu acho que Duff [McKagan, baixo] está fazendo algo com o JANE'S ADDICTION nesse momento, então estamos todos meio que por toda parte fazendo qualquer coisa até que possamos nos reagrupar", diz o guitarrista. "Nós ouvimos um monte de cantores, mas não houve ninguém que seja o cara até aqui."

SLASH disse ainda que é provável que o escolhido seja menos famoso que o vocalista original do Velvet Revolver, Scott Weiland.

"É realmente difícil fazer algo com uma voz que já seja bastante conhecida em uma banda original", diz o músico. "Nós queremos alguém que seja realmente bom mas não tenha sido reconhecido pelo país inteiro como fantástico, alguém que esteja prestes a ser descoberto."


Fonte desta matéria: Rollingstone.com

The Who: será o fim da linha para o veterano grupo?





Segundo a Rock Radio UK, o lider do THE WHO, Pete Townshend, pode ser forçado a se aposentar em março, caso os médicos não encontrem um tratamento para o zumbido no ouvido de que o músico tem se queixado.

A banda recentemente atingiu um público completamente novo com seu show no intervalo do Superbowl no início do mês – mas Townshend diz que eles estão “terminados”, a menos que um teste com um novo plug auditivo de monitoração em Londres corra bem.

O show deles em ajuda ao “Teenage Cancer Trust” é o único concerto que eles tem marcado nesse ano, e o guitarrista está preparado para que seja o último. Ele disse à Rolling Stone: “Se minha audição se transformar em um problema, não iremos adiar shows. Estão terminados. Eu realmente não consigo enxergar outra saída para esse problema.”

A matéria completa (em inglês) está no rockradio.co.uk.
Fonte desta matéria (em inglês): Nightwatchershouseofrock

"Ultimate Sin", o álbum mais injustiçado de Ozzy Osbourne?





Definição de dicionário: “Injustiçado: aquele que não recebeu justiça”. “Justiça: a virtude de dar a cada um aquilo que é seu ou a faculdade de julgar segundo o direito e melhor consciência”. Diante disso, pode-se entender que é injustiçado todo aquele que não recebeu o valor para o qual é merecedor. Quando o assunto é música, existem várias formas de se desdobrar esses conceitos. É injustiçado um disco bom e que ficou com a fama de ser ruim, assim como também o é aquele que recebeu uma atenção por parte do autor ou de seus fãs menor do que a que realmente deveria ter. Essa classificação cabe até mesmo para um álbum que, mesmo sendo de nível semelhante ou bem próximo de alguns de seus antecessores e/ou sucessores, fica para a história como um trabalho inferior. No entanto, caro leitor, como definir o nível e o merecimento de algo? Esse é o caso que discutiremos aqui...


1986 foi um dos melhores anos da história do heavy metal. Basta lembrar que algumas das obras mais antológicas do rock pesado datam dessa época. Senão vejamos: “Somewhere In Time”, “Master Of Puppets”, “Reign In Blood” e “Peace Sells...But Who's Buying?”, apenas para citar algumas. Paralelo a isso, o glam rock/hair metal dominava a cena ‘mainstream’ com suas dezenas de bandas extravagantes. É nesse ano que o Sr. John Michael Osbourne resolve voltar com um disco de inéditas, após 3 anos.

Quando falamos de Ozzy, inegavelmente, a primeira coisa que vem à cabeça são seus anos como vocalista do Black Sabbath, banda seminal, uma das precursoras do metal, tida por muitos como a primeira banda verdadeiramente heavy metal que existiu. Um pouco mais adiante, lembramos do Ozzy Osbourne artista solo, que logo em suas primeiras incursões fora de sua antiga banda, já presenteou o mundo com duas grandes obras, “Blizzard Of Ozz” e “Diary Of A Madman”, um tipo de som muito mais acessível que as músicas do velho Sabbath, mais acessível inclusive que boa parte do heavy praticado à época, mas que continuava sendo metal e que agradava. Aqui começa a nossa conversa. Ao se falar sobre a carreira solo do ‘Madman’, todo mundo cita na hora petardos como os acima mencionados, além de outras pauleiras como “Bark At The Moon” e, anos depois, o festejado “No More Tears”. Entretanto, é muito, mas muito difícil você ver alguém citar de cara o álbum que motiva esse texto. Tão somente por isso já achamos motivo para colocá-lo numa seção que trata de discos historicamente subestimados. Só que seria mesmo esse o caso? É dessa discussão que estão todos convidados a participar.

Ao sair do Sabbath, Ozzy encontrou um caminho diferente daquele que trilhara com sua ex-banda. A voz de característica única casou muito bem com o talento incrível e o ‘classicismo’ do jovem guitarrista Randy Rhoads, rendendo nos anos seguintes clássicos como “Crazy Train”, “Mr. Crowley” e “Suicide Solution”. Após a trágica morte de Rhoads, um chocado Ozzy desiste a princípio dos planos de lançar um álbum ao vivo gravado durante a turnê anterior, optando por lançar um ‘live album’ com versões de clássicos do Black Sabbath, o “Speak Of The Devil”, com Brad Gillis na guitarra. No ano seguinte, junta-se à banda um personagem importantíssimo na trajetória de Osbourne e para o qual não se dá toda a importância que lhe é merecida, sobretudo pelos fãs mais recentes: o guitarrista Jake E. Lee. É então lançado o disco “Bark At The Moon”, também adorado pela maioria dos fãs, sobretudo pela faixa-título, embora seja um pouco menos cultuado por alguns devido à ausência de Randy Rhoads e seu estilo mais clássico de compor e tocar.

Depois disso, Ozzy passou por um período de confusões seguidas, culminando com a história de que um jovem havia cometido suicídio incitado pela música “Suicide Solution”, o que rendeu processos contra o vocalista. Após passar por tudo isso, chega-se ao ano de 1986, aquele do começo da matéria, e Ozzy volta à cena com um novo álbum. Mantém Jake E. Lee à frente das guitarras mas substitui o batera Tommy Aldridge por Randy Castillo e Bob Daisley por Philip Soussan, no baixo, além da participação de Mike Moran nos teclados. Após o sucesso dos primeiros discos, havia uma expectativa enorme por mais um grande trabalho, o que não deixava de ser uma pressão sobre a banda. E, com isso, embora o metal passasse por um ótimo momento, como vimos pouco acima, o ‘Madman’ lança um disco e adota uma postura que foi considerada por muita gente como uma guinada rumo ao ‘hair metal’. “The Ultimate Sin”, ainda que com boas composições, passou a ser tido como um álbum medíocre, o famoso ‘meia boca’. A conversa que se ouvia era aquela de que “é, até que é bom sim, mas muito longe dos outros”. Isso, é lógico, por aqueles mais moderados, já que para a ala de fãs mais radicais o álbum era uma porcaria e ponto final. As músicas, vistas por muitos como trazendo todos os clichês do glam rock, além do próprio visual da banda, que passou a adotar aquele tipo de vestimenta espalhafatosa, cheia de adereços, com aqueles penteados famosos que, quem viveu ou já assistiu a algo dessa época, vai se lembrar muito bem de como era, fizeram os narizes dos amantes de metal se torcerem na hora. O disco não foi um fiasco em termos comerciais, como poderia ser esperado, mas ficou conhecido como um escorregão de Osbourne, um ponto mais baixo em sua carreira, além de aquela fase ficar para a história como a sua ‘fase poser’. Agora, depois de toda essa conversa, a pergunta que fica é: mas e esse álbum, como é que ele é?

O que faz “The Ultimate Sin” figurar entre os álbuns injustiçados é justamente o fato de que, considerando-se a sua musicalidade, ele é um disco que deixa pouco ou até mesmo nada a dever aos demais da carreira de Ozzy. Muita gente, ao ler isso, já deve estar se mexendo na cadeira e dizendo “blasfêmia”. Além disso, gosto é algo difícil de discutir, mas o fato é que até mesmo para alguém que não goste desse disco e que não o considere no nível dos seus antecessores ou até de alguns de seus sucessores, o pouco caso e má vontade com que “The Ultimate Sin” é tratado não condizem de forma alguma com o excelente trabalho que nos é entregue com esse disco.

Tudo bem, tudo bem, sempre vai ter aquele que irá dizer que o álbum está no lugar que merece, mas vejamos então. Se julgarmos o que ficou desse disco como clássico mesmo, daqueles que se pede em quase todo show, talvez tenhamos “Shot In The Dark”, que mesmo assim ainda é tida como uma música de grandeza menor em comparação a outras mais famosas. A questão é que “The Ultimate Sin” tem muito mais a oferecer além desta música, fora o fato que talvez seja esse o disco mais homogêneo da carreira de Ozzy, onde todas as músicas têm um nível próximo entre si. O trabalho vocal de Ozzy nesse álbum é personalíssimo. Para alguns, o vocalista parecia cansado em alguns momentos, mas a sua voz se encaixa de maneira excepcional nas músicas, sem querer cantar mais do que dá conta, sem exageros desnecessários, mas também sem a suposta mediocridade que alguns gostam de propalar. E o instrumental desse disco é extraordinário, sobretudo o trabalho de guitarras de Jake E. Lee, extremamente inspirado.

A coisa começa com a faixa-título. A canção é excelente desde sua introdução, com a batida firme da bateria de Castillo e o riff pesado e marcante de Lee, possivelmente o melhor do álbum, além do ótimo solo. Ozzy traz seu vocal tradicional, com uma boa melodia. Um heavy metal de primeira, que poderia figurar facilmente como um dos clássicos da carreira do ‘Madman’. “Secret Loser”, a música seguinte, faz jus à fama do álbum de se render ao glam, pois sua levada instrumental, sua melodia e a própria voz de Ozzy soam dessa forma. No entanto, essa melodia é muito boa, além de a guitarra de Jake E. Lee não deixar dúvidas de que quem está ali tocando é uma banda de metal, recebendo para isso a ajuda do baixo de Philip Soussan, no talo. “Never Know Why” traz mais uma excelente melodia e outra vez a guitarra de Lee chama a atenção, seja nos riffs ou nos solos. A voz de Osbourne soa um pouco mais aguda e o refrão da música é meio estranho para os padrões de Ozzy. Caberia bem em um disco do Twisted Sister. O resultado final é uma boa canção.

“Thank God For The Bomb” é outra mais ao estilo glam mas, assim como em “Secret Loser”, é impressionante como Ozzy consegue dar um toque especial e todo seu até mesmo a músicas com essas características, fazendo-as fugir do clichê. Algo difícil de explicar. Sua performance vocal aqui é uma das melhores no disco e o trabalho de guitarra (mais uma vez) é excepcional, algo que você vai ver escrito no comentário de todas as faixas desse disco. “Never” traz um dos melhores riffs de “The Ultimate Sin” e da história de Jake E. Lee com Ozzy, além de mais um solo muito bem feito. A melodia nessa música é ótima, o vocal de Ozzy soa como o mais clássico Ozzy possível e o trabalho da ‘cozinha’ composta por Soussan e Castillo dispensa maiores comentários, basta ouvir a música. “Lightning Strikes” é a música mais antagônica do disco, pois têm riffs e passagens do mais vigoroso heavy metal, mas sobrepostas por uma melodia vocal alegre demais, além do refrão, que é o momento mais ‘glam rock’ de todo o álbum, para depois voltar para um solo e novamente para um riff absolutamente pesado. Uma canção com altos e baixos.

Na seqüência temos uma obra de arte relegada a um inexplicável segundo plano, tanto por Ozzy quanto pelos seus próprios fãs. “Killer of Giants” é uma das melhores composições da carreira solo do Sr. Osbourne. Dentre as suas músicas que podem ser classificadas como baladas, essa é, sem dúvidas, a mais profunda, a menos melosa e a que melhor faz a transição entre o lamento e a melodia típica das baladas e o peso do heavy metal. A introdução acústica dessa música é uma das mais belas coisas que já apareceram num disco de Ozzy. Existem algumas pessoas que afirmam que ele estragou a música com seu vocal. No entanto, o que se poderia dizer é que sua performance nessa canção é ótima. E Jake E. Lee extravaza toda a sua veia clássica, no melhor estilo Randy Rhoads, não apenas nos momentos calmos da música, mas também em sua parte mais rápida e pesada. Se “The Ultimate Sin” pode ser considerado um disco injustiçado, essa música talvez seja a mais subestimada do álbum, mesmo que a maioria dos fãs de Ozzy diga que gostam da canção. O que dá para escrever sobre a pesada “Fool Like You”, conforme foi dito acima que aconteceria no comentário de todas as faixas, é que traz outro trabalho de guitarras espetacular. Não só a guitarra é espetacular, mas o ‘trampo’ da banda inteira merece aplausos. E, por fim, temos “Shot In The Dark”, a música mais famosa e mais querida de “The Ultimate Sin”, que é tida por muitos como a faixa que salvou esse álbum do esquecimento total. Curiosamente, é a única faixa com participação de Philip Soussan na composição. Uma canção de estruturação simples, belas melodias e que funciona extremamente bem.

No quesito letras, Ozzy traz desde temas mais simplistas e superficiais até críticas políticas. O grande trunfo do vocalista sempre foi o de conseguir passar um tom de humanidade extremo a tudo aquilo que escreve e canta, por mais fantasioso que seja o tema. As letras desse trabalho não são nada que irá mudar o mundo ou a vida das pessoas, mas transmitem sinceridade e, com isso, não depõem contra o disco. A capa do álbum é uma das mais legais de Ozzy, que causou espanto nos conservadores, como de praxe.

O ponto mais baixo desse álbum talvez esteja na sua produção, assinada por Ron Nevison. Nem tanto pelos aspectos técnicos da produção mas pela escolha do caminho a ser seguido. Se as músicas desse álbum tivessem recebido o tratamento de músicas pertencentes a um disco de heavy metal, destacando-se as configurações e as características desse tipo de som, todas as canções poderiam ter soado muito mais poderosas do que o que se observou após finalizado o trabalho. Este, inclusive, é um fator essencial na má acolhida recebida pelo disco. Sobre o vocal de Ozzy, ele entrega aqui uma das performances mais homogêneas de sua carreira solo. Ozzy não tem o alcance vocal ou a técnica de Ian Gillan, Bruce Dickinson ou Ronnie James Dio, mas seu estilo inconfundível, seja pelo timbre de voz, seja pela capacidade absurda de desenvolver boas melodias vocais, seja pelo jeito de cantar as músicas, sempre marcará qualquer coisa para a qual ele emprestar sua voz, ainda que aqueles que pesquisarem mais a fundo a obra e a carreira do 'Príncipe das Trevas' possam encontrar inúmeras histórias e testemunhos de que boa parte das linhas vocais cantadas por ele foram, na verdade, desenvolvidas pelos seus guitarristas

Mike Moran mostrou classe nas vezes em que compareceu nas músicas, assim como Philip Soussan, que também fez bem seu trabalho no baixo. A mão pesada de Randy Castillo, com sua pegada forte e certeira, faz com que se sinta saudades desse grande baterista. Mas quem rouba a cena nesse álbum é mesmo o guitarrista Jake E. Lee. E aqui, cabe retornar ao que foi dito lá no começo. Se você chega para um fã de Ozzy Osbourne e conversa sobre os guitarristas que já tocaram com ele, tirando o Tony Iommi que é de uma outra realidade, todo mundo vai citar Randy Rhoads, tanto pelo trabalho que deixou quanto pelo mito. Os mais jovens vão, na maioria das vezes, citar Zakk Wylde. É nesse momento que cabe uma justa homenagem a Jake E. Lee, guitarrista com participação fundamental na discografia de Ozzy e que não deixa nada a dever em termos de técnica aos outros ‘guitar heroes’ citados, sobretudo a Wylde. De forma alguma se quer aqui desmerecer o trabalho desses outros grandes músicos (Ozzy é um dos caras mais sortudos do metal ou talvez com mais capacidade para reconhecer um guitarrista talentoso), mas, sim, destacar o grande trabalho que Lee sempre fez ao lado do vocalista.

“The Ultimate Sin” veio ao mundo numa época em que discos que acabaram se tornando clássicos eram lançados quase que mensalmente. Não bastasse isso, como era natural e esperado, a pressão por trabalhos cada vez melhores, além de um período sem lançar material inédito, trouxeram a esse álbum uma carga extra de expectativa. Pra piorar, a postura ‘glam’ da banda não ajudou muita coisa em termos históricos, embora possa ter garantido alguns discos a mais em vendas. No entanto, como sempre se insiste aqui, o que qualifica um disco são suas músicas e não o que veio antes ou depois dele, tampouco coisas exteriores à música em si. Não foi muita coisa desse disco que sobreviveu nos shows, o que é lamentável. Dizem que o próprio Ozzy não gosta nem um pouco desse material. O objetivo aqui não é dizer que “The Ultimate Sin” foi o melhor álbum da carreira do cantor, mas também não é nenhum absurdo alguém pensar isso. A questão é que a distância que se percebe entre o tratamento que fãs e o próprio Osbourne dão a esse trabalho em relação a outros não é justificada. Sim, há momentos em que ele lembra mesmo o hard farofa de meados dos anos 80, a própria postura da banda contribui para isso, mas o que estamos analisando aqui é a virtude das canções. Música, que é o que importa, “The Ultimate Sin” tem e da melhor qualidade. Uma qualidade que não está tão distante daquela presente em seus discos mais aclamados.

Este não é o único trabalho de Ozzy Osbourne que recebe mais críticas do que deveria, mas isso é assunto pra outra ocasião. Por hora, você pode concordar ou discordar de tudo o que foi escrito aqui. Apenas não deixe de ouvir de novo esse excelente álbum antes de dar a sua opinião. Talvez você dê razão ao texto acima, talvez você mude a sua opinião ou até mesmo faça com que quem escreveu essa matéria reveja seus conceitos sobre esse trabalho.

Rush: Alex Lifeson lista seus três melhores solos




Em entrevista ao site MusicRadar.com, o guitarrista do Rush escolheu, sem pestanejar, aqueles que ele considera como seus três melhores solos de guitarra. Abaixo, a lista com os comentários de Lifeson, música por música:

1. Limelight (“Moving Pictures”, 1981)

"Adoro a elasticidade deste solo. Pra mim é muito emocionante tocar esta parte da música. A canção é sobre solidão e isolamento e acho que o solo reflete isso. Existe bastante coração nele. É uma coisa de sentimento: você tem que tocar o solo como o sente, caso contrário, soará exagerado. Eu nunca tive esse problema com ‘Limelight’. Na primeira vez em que a toquei em estúdio senti uma verdadeira fixação por ela, eu poderia dizer que era algo especial. Ainda hoje é o meu solo favorito para executar ao vivo. Eu nunca me canso dele. Cada vez em que estou prestes a tocá-lo, respiro fundo e solto o ar na primeira nota. Acho que soa tolo, mas para mim é algo libertador".

2. Kid Gloves (“Grace Under Pressure”, 1984)

"Essa música é do nosso álbum 'Grace Under Pressure'. O que eu gosto neste solo é que ele é o oposto do ‘Limelight’: tem um suingue, um tipo de atitude sensual, um pouco de humor estúpido. Quando eu a toco sinto uma certa confiança, como uma pessoa levada, o que não é de todo o meu jeito na vida real. O engraçado nela é que eu tinha um idéia para o solo e apenas a realizei depois de gravá-la pela primeira vez. Nunca tenho planos em mente quando estou gravando solos. Eu apenas lhes dou asas. O solo de ‘Kid Gloves’ me guiou, é como se ele soubesse o que queria ser e eu me limitei a segui-lo".

3. Freewill (“Permanent Waves”, 1980)

"É um solo muito difícil de se tocar. Acho que sinto um orgulho solitário por isso. Toda vez que eu o faço, fico espantado. É tão frenético e excitante. A parte rítmica também – Geddy e Neil estão por todo o lugar. É provavelmente um dos trechos de música mais ambiciosos que o Rush já fez. Num certo sentido, todos solam ao mesmo tempo. Na gravação eu não tinha nada planejado, estava apenas reagindo ao que os outros rapazes faziam. Basicamente, estava apenas tentando prosseguir! Mas acho que funcionou muito bem. Fiquei bastante contente com ele, e olha que eu normalmente encontro problemas nas coisas que faço".


A matéria (em inglês), incluindo os vídeos dos respectivos solos, pode ser vista neste link.

Hoje na história do Rock no mundo - 23/02





Elvis e Priscilla Presley se separam

[23/02/1972] Há 38 anos

Casados desde maio de 1967, Elvis Presley e Priscilla separam-se legalmente. Logo depois, ela se envolveria com o instrutor de karatê do astro, Mike Stone.


Elvis Costello ganha seu primeiro disco de ouro


[23/02/1979] Há 31 anos

O terceiro álbum de Elvis Costello, "Armed Forces", contendo os hits "Oliver's Army" e "Accidents Will Happen", ganha disco de ouro apenas um mês após o seu lançamento. Foi o primeiro de muitos trabalhos do músico a conseguir esta proeza.


Queen invade o topo da parada nos EUA


[23/02/1980] Há 30 anos

Extraída do multiplatinado "The Game" e composta pelo vocalista Freddie Mercury, a música "Crazy Little Thing Called Love" invade a primeira posição da parada, nos Estados Unidos, onde permaneceria por quatro semanas consecutivas.


Toto é o artista do ano no Grammy


[23/02/1983] Há 27 anos

Durante a realização da cerimônia de entrega do 25º Grammy Awards, o Toto consagra-se a melhor banda do ano ao levar seis estatuetas para casa: Música do Ano, Melhor Arranjo Vocal e Melhor Arranjo Instrumental Acompanhado de Voz (todos por "Rosanna"), Disco do Ano e Melhor Gravação (por "Toto IV") e Melhor Produção (o próprio grupo).


Stones fazem show inesquecível em Londres

[23/02/1986] Há 24 anos

Em homenagem ao chamado sexto Stone, Ian Stewart, que havia morrido há menos de dois meses, os Rolling Stones registram um show inesquecível no 100 Club, em Londres, na Inglaterra. Em uma apresentação bastante intimista, eles tocaram algumas músicas para uma platéia não menos famosa. Na ocasião, Eric Clapton, Jeff Beck e Pete Townshend, guitarrista do The Who, entre outros, estavam lá.

Hoje na história do Rock Brasileiro - 23/02





- 1969: Os Incríveis lançou o disco Os Incríveis no Japão. Os destaques são “Nosso Abraço aos Beatles e os Rolling Stones” e “Era Um Garoto Que Como Eu Amava os Beatles e os Rolling Stones”.

ATENÇÃO - 1978: O Joelho de Porco fez o show de lançamento do segundo disco, no Largo do Arouche (SP). A formação da banda era Tico Terpins (baixo e vocal), Billy Bond (vocal), Dino Vicente (teclados), Wander Taffo (guitarra) e Juba (bateria). Os destaques são “O Rapé”, “São Paulo By Day” e “Boeing, Boeing 723897”. Clássico absoluto do rock brasileiro. Viva Joelho de Porco!!!

- 1986: Na terceira noite do festival Cidade Live Concert, depois de uma briga envolvendo Léo Jaime, Leoni, Paula Toller, Herbert Vianna e a música “Fórmula do Amor” (em que Léo Jaime e Leoni são autores), acabou numa pandeirada dada por Paula Toller em Leoni, o que gerou a saída dele do Kid Abelha. Léo me contou o que aconteceu: Estavam à beira do palco Paula Toller e George Israel e ele chamou os dois para darem uma canja. Leoni estava em outro local, por isso não foi ao palco e quando viu todos tocando a música que ele havia composto com Léo, menos ele, então ficou chateado. Léo explicou à Leoni o que ocorreu e com eles ficou tudo bem – são velhos amigos e até apê já dividiram juntos. Mas como as coisas já não estavam bem entre Leoni e Kid, essa foi a gota d’água. Inclusive Leoni já havia dito à banda que queria sair e esse fato só agilizou as coisas.

- 1989: Nos dias 23, 24 e 25 o RPM fez três apresentações de despedida na casa de shows Dama Xoc (SP). Em cinco anos de carreira a banda lançou três discos: Revoluções Por Minuto (1985), Rádio Pirata (1986) e Quatro Coiotes (1988).








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