Uma das mais importantes banda inglesas de todos os tempos, o quarteto de ferro do Slade é formado por Noddy Holder (vocals, guitar), Dave Hill (guitar), Jimmy Lea (bass) e Don Powell (drums). Esses quarto músicos despontaram no cenário em 1966, com o single “You better Run” produzido por Kim Fowley.
”Well alright ev'rybody, let your head down
Want to see ev'rybody get up off their seat,
Clap your hands stamp your feet, get down get with it”...
A partir de março de 1972 este refrão estava na boca de todos os garotos do planeta Terra, imortalizado em um dos mais famosos discos ao vivo de todos os tempos. ‘Slade Alive’ com sua inesquecível capa vermelha e preta, ficou em nas paradas de sucesso por 58 semanas seguidas, atingindo o segundo lugar. Gravado em um estúdio em forma de teatro, com seus 200 lugares lotados com membros do fã clube, este disco foi a grande jogada de Chas Chandler, ex-baixista dos Animals que após a morte de Jimi Hendrix, estava produzindo este novo grupo. Com este disco, os ex-skinheads (outra jogada de Chandler para tentar promover sua nova cria), passaram a categoria de ícones do Glitter Rock, dominando as paradas de compactos, batendo inclusive o recorde dos Beatles. De maio de 1971 até novembro de 1975, o Slade teve 6 primeiros lugares, sendo que 3 vieram do nada direto para o topo. Nem os quatro cabeludos fizeram a façanha, que continua imbatível até hoje. Tiveram mais 3 segundos lugares, 3 terceiros, 1 quarto, um quinto...
De 1972 a 1975, a cartola com espelhos e o fraque vermelho de Noddy Holder, sua voz de "gralha", a guitarra "superyob" de Dave Hill, o surpreendente baixo de Jim Lea e a batida marcante de Don Powell foram o som das festas com cheiro de "patchoulli". As botas "cavalo de aço", as calças boca larga e as camiseta justas eram a vestimenta ideal para "sair das cadeiras, bater palmas e pisar forte".
Sua história já é bastante conhecida: um grupo de garotos pobres forma um grupo, desta vez na pequena cidade britânica de Wolverhampton. Em 1964, incendiado pela febre da beatlemania, o jovem Donald George Powell (Don Powell), baterista, junta-se ao cantor Johnny Howells e ao guitarrista Mickey Marson. Logo o trio aumentaria, com a entrada do baixista Cass Jones. O grupo foi batizado como The Vendors. O repertório era basicamente Buddy Holly, Eddie Cochran e Gene Vincent e as apresentações ficavam restritas a clubes, festas e casamentos. A entrada de mais um guitarrista, o solista Dave Hill, egresso do grupo The Young Ones, deu mais força ao grupo. Logo seu repertório mudou para obscuras versões de Lightnin' Hopkins, Sonny Boy Williamson e Muddy Waters. Apresentam-se regularmente e chegam a gravar um EP, no estúdio de um amigo, cuja única cópia existente está nas mãos do baterista Don Powell.
No final de 1964, ocorre a mudança de nome da banda: passam a se chamar The N'Betweens, excursionando regularmente pelos clubes da região. Nestas "turnês" conhecem o grupo "Steve Brett and the Mavericks", cujo guitarrista solo e cantor-de-apoio-de-voz-esganiçada era Noddy Holder. Um namoro entre o grupo e Noddy ficou em banho-maria. Em 1965, eles gravam mais um EP, desta vez para a Barclay Records. O disco só foi lançado na França. Neste disco eles gravaram, entre outras, a música "Little Nighttingale", do guitarrista Jimmy Page, que trabalhava nos estúdios da Pye, em Marble Arch.
Em 1966, mudanças começam a ocorrer no grupo, saindo o baixista e o guitarrista-ritmo, dando lugar ao desconhecido Jim Lea e abrindo brecha o guitarrista "berrador" Noddy Holder, cansado do papel secundário nos Mavericks. Logo Noddy ofuscou o cantor original Johnny Howells, que acabou saindo em junho. O novo grupo lança um compacto, já com a formação definitiva. Seus shows reuniam sucessos dos Four Tops, Goffin/King, Traffic, Procol Harum e muita música da Tamla. Tudo re-arranjado pelo jovem Jim Lea, que apesar de desconhecido tinha um apuradíssimo ouvido musical. Todas as músicas caíam como uma luva na garganta de Noddy Holder. E com muitos shows e frustações, passam os anos de 1967 e 1968.
Chegou 1969! O grupo, rebatizado para Ambrose Slade (psicodelia+flower power+flamboyant=?) assina um contrato com a gravadora Fontana e lança 'Beginnings', um disco onde as covers iam de Beatles a Steppenwolf, passando por alguns temas originais. Mas a grande cartada veio com a entrada de Chas Chanler como empresário e produtor do grupo. Primeira novidade: cabeças raspadas e coturnos nos pés. Os skinheads eram um mercado em evidência e o grupo tinha potencial ao vivo para animar esta massa ávida por decibéis e energia.
Após alguns compactos veio o hino: 'Get Down and Get With It', sucesso de Little Richard que, ao gritar para a massa "abaixem a cabeça, batam palmas e batam os pés", entregou de bandeja o que os usuários de coturnos mais desejavam. Barulho, energia e diversão. Com isso, o agora Slade montou a reputação de melhor show ao vivo em termos de energia e retorno a platéia de todo Reino Unido. Eles nunca lucravam com os shows, pois tinham que pagar pelas cadeiras quebradas e outros estragos menores.
Mas o rock dos anos 70 mudaria após o disco-tributo-aos-fãs, 'Slade Alive'. Os cabelos começaram a crescer na banda, a purpurina passou a adornar o corpo de Dave Hill, as roupas ficaram brilhosas, as botas ganharam saltos e o ano de 1972 ainda não havia acabado.
Os skinheads agora são os Reis do Glitter
”So cum on feel the noize
Girls grab the boys
We get wild, wild, wild
At your door!”...
Agora não tinha mais jeito. Os críticos não podiam torcer a cara e ignorar o que a juventude inglesa está gritando a todos os pulmões. O disco Slade Alive catapultou o grupo para o estrelato e eles agora ditavam a moda!
O compacto Coz I Luv You, de Outubro de 1971, foi o primeiro do grupo a ocupar o topo das paradas. E o primeiro a gerar polêmica. O título original era Because I Love You, pomposo e arrogante, segundo o empresário Chas Chandler. O Slade é uma banda "do interior", de garotos simples, por isso devem falar como seus fãs. Então, grafaram o título foneticamente. Chuva de protestos dos professores ingleses, pela possível "má influência" exercida sobre a juventude. Neste disco, o baixista Jim Lea já mostra seu talento como arranjador, incluindo belas frases e solos com seu violino.
Mas o ano do Slade seria 1972. Logo em Janeiro lançam mais um compacto, Look Wot You Dun. Mais polêmica com os professores. Em duas semanas atingiu o quarto lugar nas paradas, permanecendo no mesmo posto por mais duas semanas seguidas.
A grande cartada de Chas Chandler foi armada para Fevereiro: o grupo alugou por três noites o novíssimo estúdio Command Theatre, em Piccadilly Circus, onde gravariam a nata, la créme de la créme, de seus shows. A cada uma das noites 300 membros do fã clube lotam o simpático auditório do estúdio, dando a resposta perfeita à energia do grupo. As sete músicas escolhidas foram a irretocável amostra do poder do grupo ao vivo. O repertório completo naqueles dias era Hear Me Calling, In Like A Shot (From My Gun), Look Wot You Dun, Keep On Rockin', Move Over, Know Who You Are, Lady Be Good, Coz I Luv You, Darling Be Home Soon, Get Down And Get With It, Good Golly Miss Molly e Born To Be Wild.
Lançado em Março, o disco foi um tremendo sucesso das paradas, ficando em primeiro lugar por várias semanas. Depois, entrava e saía das paradas como "uma bola de ping-pong". Até hoje o guitarrista Alvin Lee, do Ten Years After, agradece os royalties recebidos por Hear Me Calling.
As suíças de Noddy Holder cresceram e passaram a ser sua marca registrada, assim como a cartola de espelhos, as calças xadrez e o fraque vermelho (foto 5). Sua voz esganiçada e sua presença de palco eram o ponto alto dos shows. Nada mais de coturnos, calças pretas, suspensórios ou cabeças raspadas. O baixista Jim Lea (foto 7), passa a se apresentar com ternos "lamê" prateados ou dourados, além de ostentar uma bela cabeleira. Mas o excesso veio com o guitarrista solo, Dave Hill (foto 3). Ele cortou a franja no alto da testa, jogou purpurina em todo o corpo, passou a usar roupas extravagantes e, como símbolo máximo do glitter rock, a guitarra SuperYob.
O grupo excursiona por toda a Europa, onde seus discos são primeiro lugar das paradas. Um novo disco é lançado em Maio, Take Me Bak 'Ome. O baixista Jim Lea confessou que ao aproveitar esta antiga música ele adicionou uma ou duas frases de Everybody's Got Something To Hide..., dos Beatles. No final do mês veio a consagração do Slade. Eles se apresentaram no Great Western Festival, em Lincoln, ao lado do Roxy Music, Beach Boys e Faces. Até então o Slade era um grupo de clubes, apesar do sucesso. Chas Chandler achava que eles só deviam se apresentar em locais que pudessem lotar duas vezes. Mas ali, em frente a 50 mil jovens alucinados eles "roubaram" o festival e as páginas dos jornais e revistas especializadas.
Na semana seguinte, Take Me Bak 'Ome era primeiro lugar das paradas! Este disco trazia, pela primeira vez, os ingredientes que todos os discos do grupo apresentariam em seguida: muito eco, palmas, batidas de pé, multidão gritando o refrão, tudo para dar um "molho" de gravação ao vivo.
A briga agora nas paradas era dividida com Marc Bolan & T.Rex, Sweet, David Bowie, Mott The Hoople, Gary Glitter e Elton John. A a vantagem do Slade era evidente. O compacto seguinte, Mama Weer All Crazee Now, de Agosto, entrou direto em segundo lugar da parada! Na semana seguinte e nas duas subseqüentes era primeiro lugar!
Em Novembro, após excursões pela Inglaterra com Suzi Quatro e Thin Lizzy, pelos Estados Unidos com Humble Pie e J. Geils Band, e pela Australia com Caravan e Status Quo, outro disco foi lançado. Gudbuy T'Jane entra em quarto lugar nas paradas. Pula para terceiro e, na terceira semana atinge o segundo lugar. Não conseguiu alcançar o primeiro lugar pois Chuck Berry acabava de lançar My-Ding-A-Ling, um sucesso fulminante!
Natal chegando e, para coroar o ano, e "abiscoitar" as vendas de Papai Noel, é lançado seu quarto LP, Slayed? Este disco foi igualmente primeiro lugar. Nele estavam as favoritas de seus shows, Move Over e Let The Good Times Roll, além dos últimos compactos de sucesso. A voz de Noddy Holder está impecável neste LP, mais esganiçada do que nunca. Jim Lea simplesmente "arrasa" com seu baixo solando o tempo todo. Dave Hill faz as honras de solista, com belos fraseados e riffs. Para manter a cozinha pulsando, Don Powell marca cada frase de Lea e Hill. O grupo está perfeito, rumo ao sucesso ainda maior!
Agora é só esperar por 1973 e gritar...
Venham Sentir o Barulho!
Slade bate recorde de Elvis e Beatles
"You know how to skweeze me Woh Oh
You know how to pleeze me Woh Oh
You're learnin' it easy Woh Oh
And I thought you might like to know
When a girl's meaning yes, she says no"
Mais um ano iniciava – 1973. O que faltava para o Slade conquistar? Austrália, Japão, Alemanha, Escandinávia, todos estava nas mãos do grupo. As paradas de sucesso eram deles. Mas e a América? Este era o mercado. Em 1972, os impostos britânicos "mordiam" 83% dos ganhos. Sucesso nos Estados Unidos significaria lucros maiores, sem os altíssimos descontos. Ah, George Harrison era mesmo um visionário, com sua ‘Taxman’, de 1966! Como a Polydor americana simplesmente lançava os discos do grupo sem nenhuma divulgação, Chas Chandler decidiu não renovar o contrato de distribuição e assinar com a poderosa Warner Brothers. A invasão americana estava sendo preparada. Enquanto isso, um show no lendário London Palladium acontecia. Era parte das comemorações pela entrada da Inglaterra no Mercado Comum. Segundo a lenda, durante o show do Slade, os balcões superiores balançavam como uma gangorra, devido aos pulos dos fãs. Mas o pior aconteceu com os assentos da platéia: metade estava destruída após o show. O grupo nunca mais foi convidado para tocar no Palladium.
Outra jogada de Chandler estava sendo posta em prática. No ano anterior, o compacto ‘Mama Weer All Crazee Now’ entrou nas paradas direto no segundo lugar. Ou seja, que tal bater os Beatles e Elvis Presley, que tinham compactos que entraram direto em primeiro lugar? Naqueles dias, um artista podia ter um acetato de seu novo disco tocando nas rádios três semanas antes de seu lançamento. A estratégia do Slade seria obter o máximo de propaganda antes do lançamento oficial do novo compacto, gerando pedidos antecipados para o mesmo. Na Inglaterra, os novos lançamentos aconteciam tradicionalmente nas sextas-feiras, com os picos de vendas sendo na própria sexta e no sábado. O grande programa musical da TV era o Top Of The Pops, exibido nas quintas-feiras. No programa eram exibidos os clips das músicas que estavam nas paradas de sucesso. A jogada era obter maciça execução nas rádios, para o grupo aparecer no programa divulgando o novo compacto na véspera de seu lançamento! Como a parada das vendas era compilada na segunda-feira, de noite, eles teriam dois dias e meio de vendas para entrarem direto em primeiro lugar. E o disco ‘Cum On Feel The Noize’ entrou direto em primeiro!!! E ficou nas paradas, em primeiro, por três semanas. Em Maio, o grupo embarca para os EUA. Dave Hill foi "moldado" para as platéias americanas: uma roupa com largas ombreiras, lembrando o uniforme dos jogadores de futebol americano. Entrevistas em estações de rádio, jornais, e não havia um hit para promover (graças à incompetência da Polydor). Mas os shows eram um relativo sucesso, já que tocavam em teatros para 2 mil pessoas, sempre lotados. Em Nova Iorque eles tocaram duas noites, na Academy of Music. Na platéia estavam os membros do Kiss, do Twisted Sister e da Billy Squier Band. Mas estavam longe da histeria causada na Europa. Talvez pelo fato de seus discos serem "pesados demais" para as AMs (que só tocavam "As 40 Mais" das paradas), e "leves demais" para as FMs (que só tocavam músicas de LPs). Segundo comentários do Slade hoje, se naquela época existisse a MTV, as coisas teriam sido diferentes na América.
De volta à Inglaterra, o novo compacto, ‘Skweeze Me, Pleeze Me’, também entrou direto nas paradas em primeiro lugar, fazendo do Slade o primeiro (e único!) artista a ter dois discos sucessivos entrando direto nas paradas em primeiro lugar. Mas a maior consagração viria durante a turnê inglesa, iniciada em junho. No dia 1o de julho, um domingo, o grupo foi tocar no famoso Earls Court Exhibition Centre. Eles haviam reservado o local com antecedência, mas foram o segundo grupo de rock a tocar lá. David Bowie e seus Spiders From Mars tocaram em junho, show que foi um tremendo fiasco. Mas para o Slade as coisas foram muito diferentes. Haviam mais cartolas (e fraques vermelhos!!) naquele domingo do que em qualquer evento social. Os 18 mil fãs foram à loucura com o mestre de cerimônias e cantor-com-voz-de-gralha-esganiçada Noddy Holder, com o baixo arrebatador de Jim Lea, com os riffs e a purpurina de Dave Hill, e com a marcante bateria de Don Powell. Os quatro meninos de Wolverhampton eram agora ídolos nacionais. Mas a vida prega peças nas pessoas. No dia 4 de julho, o baterista Don Powell sofre um trágico acidente de carro, onde sua namorada morre e ele fica em coma por vários dias. No fim de semana seguinte o grupo havia acertado a participação em um show na Isle of Man. Não havia como desmarcar e o irmão de Jim Lea, Frank, tocou bateria neste dia. No final de agosto o grupo embarcou para mais uma turnê americana, com Don Powell de volta à bateria! As únicas seqüelas do acidente, que persistem até hoje, são lapsos de memória (ele precisa anotar tudo o que acontece, pois vai esquecer em seguida!), e a total perda do paladar! Cenas hilárias aconteciam nos shows, pois Don parava e perguntava para Jim: "o que eu toco agora?," totalmente em pânico pela amnésia. A resposta era: bang, bang, bang!!! Durante a passagem por Nova Iorque, o grupo gravou um novo compacto, no Record Plant Studio, na mesma semana em que John Lennon estava gravando o disco ‘Mind Games’. Jim Lea ficou eufórico em usar o mesmo piano que John!!!! E o grupo, em pleno verão americano, gravou ‘Merry Xmas Everybody’, cantando a maior parte do refrão nos corredores do estúdio Receberam comentários do tipo "que ingleses babacas", por parte dos nova-iorquinos presentes. Foram sabotados na turnê pela J. Geils Band, que no único show onde os executivos da Warner foram assistir ao Slade, em Long Beach, apagou as luzes principais e o aterramento idem, resultando em microfonia, sombras e a má impressão dos executivos. Tudo foi religado para o show deles. Na Inglaterra, o novo compacto ‘My Friend Stan’ "só chegou ao segundo lugar". Mas a coletânea ‘Sladest’, foi primeiro lugar durante três semanas. Mas o grande sucesso veio em dezembro: ‘Merry Xmas Everybody’ entrou direto em primeiro lugar, o terceiro do grupo a fazê-lo, tornando-se um recorde imbatível até os dias de hoje! Este disco, que vendeu 300 mil cópias é, ao lado de ‘Happy Christmas’ (War Is Over), de John Lennon, a música padrão de Natal, tocada nas rádios até hoje na Inglaterra.
O Slade agora quer um "pedacinho" da América
"I don’t want much,
I just want a little bit
I don’t want it all,
I just want a little bit"
E foi isso o que aconteceu no ano de 1974: O Slade, de pedacinho em pedacinho, acabou de conquistar o mundo (menos a América, ainda).
Em Fevereiro lançaram seu novo LP, “Old New Borrowed and Blue”, seguindo a linha dos antecessores, indo para o primeiro lugar das paradas. Trazia novos clássicos de seus shows, como “Just A Little Bit” e Good Time Gals”, bom como uma canção em andamento de valsa que logo se tornará seu maior sucesso ao vivo, “Everyday”. O grupo mal descansou e já começou o ano fazendo sua segunda turnê pelo Oriente. Uma curta visita à Austrália e depois sua primeira excursão ao Japão. Durante o vôo para Osaka, uma briga explodiu entre o baixista Jim Lea e o empresário Chas Chandler. Chandler queria que o novo compacto fosse uma canção retirada do LP que estavam gravando. Eles nunca usaram músicas de LPs em seus compactos e não ia ser agora que isso aconteceria. Jim tentou de todas as maneiras, mas seria vencido. “Everyday” seria lançada em Março e alcançaria a terceira posição, um pouco decepcionante para um grupo que ia direto para o primeiro lugar das paradas de compactos. A turnê japonesa teve shows em Osaka, Kyoto e dois em Tóquio. Eles tocaram novas músicas e os fãs japoneses queriam os antigos sucessos de 72. Em seguida voaram para os Estados Unidos, onde fizeram sua quinta turnê americana. Na América foram acompanhados de dois cineastas contratados por Chandler para escreverem o roteiro de um filme que misturava ficção e realidade sobre uma banda de rock.
O mês de Maio foi gasto na gravação da trilha sonora deste filme, “Slade in Flame”, o qual foi rodado nas seis semanas seguintes, em locações como o Rainbow Theatre, a cidade de Shepperton, fábricas em Sheffield e o Hammersmith Palais. Ele retratava a ascensão de uma desconhecida banda de rock ao estrelato e todos os problemas que isso acarretou no relacionamento de seus membros, antes grandes amigos. É aí que a ficção e realidade se misturavam. Mas os sucessos não paravam e o novo single, “The Bangin’ Man” já estava no terceiro lugar em Julho, quando novamente foram ao Top Of The Pops. O lado B era outra bela balada, She Did It To Me, que fez um relativo sucesso no Brasil, em um raríssimo compacto-duplo. Em Agosto uma nova turnê Européia acontece, como prévia do lançamento do filme, em Setembro. As críticas iam de “um bom filme, mas real demais”, “as pessoas não querem ver a realidade do sucesso”, até bons elogios ao filme e aos atores. Em Outubro é lançado mais um compacto, “Far Far Away”, da trilha sonora do filme. Ele entrou em terceiro lugar, chegou ao segundo, mas não foi número um por causa do disco de Ken Booth. A pergunta entre os membros do Slade era “que porra é essa de Ken Booth”? Mais uma turnê Inglesa em Novembro, junto com o lançamento da trilha sonora “Slade in Flame”. O LP só atingiu o sexto lugar das paradas, significando que algo estava mudando na vida deste grupo que só acumulava sucessos nos últimos três anos. O próximo passo seria arriscado e acabou num grande fracasso, que quase encerraria a carreira do grupo: eles se mudariam para os Estados Unidos por dois anos, para conquistá-lo.
E Noddy logo cantaria em 1975:
Não Sou Palhaço de Ninguém...