31 de dezembro de 2010

Scott Pilgrim contra o Mundo






SINOPSE
Scott Pilgrim contra o Mundo conta a história de Scott Pilgrim (Cera), um jovem que conhece a mulher do seus sonhos (Winstead), mas que só poderá conquistar seu coração se lutar contra seus sete maléficos ex-namorados. Cada um deles possui um super-poder.Scott Pilgrim é baseado em uma série de histórias em quadrinhos criada por Bryan Lee O’Malley. O primeiro volume foi lançado em 2004.

DADOS DO ARQUIVO
Diretor:Edgar Wright
Duração: 112 min
Ano:2010

Hard Rock - Aqueles que ficaram para trás - Parte 15

Lá pela década de 1980 o planeta viu muitas grandes bandas de Hard Rock surgirem. E, apesar do famigerado excesso em seu visual, alguns destes grupos possuíam tal poder de expressão que sobreviveram aos modismos posteriores, renovaram sua base de fãs e, melhor, até mesmo conseguiram resgatar a energia dos dias de glória com seus discos mais recentes.


Mas entre estes gigantes havia centenas de nomes menores. Muitos nem conseguiram deixar um registro para a história, mas vários outros gravaram trabalhos que conquistaram sua cota de admiradores sem fazer grande estardalhaço comercial. E a série “Hard Rock – Aqueles que ficaram para trás” surgiu com o intuito de resgatar alguns dos álbuns destas bandas de segundo escalão, geralmente obscuros ao grande público.

SHOTGUN MESSIAH
Shotgun Messiah
(1989 / Relativity Records)

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Há décadas que a Suécia exporta excelentes bandas e dos mais variados estilos. Em 1985, Zinny J. Zan (voz), Harry K. Cody (guitarra), Tim Tim Skold (baixo) e Pekka ‘Stixx’ Ollinen (bateria) se fantasiavam do mais ultrajante glam e inicialmente batizaram sua banda como Kingpin. Após três anos dedicados aos ensaios e tocando onde tivesse oportunidade, o quarteto enfim lançou em seu país “Welcome To Bop City”, cuja proposta era bastante calcada nos então veteranos Mötley Crue e Ratt.
Mas, por mais que os suecos dessem duro e tocassem em todo e qualquer buraco para divulgar sua música, não conseguiam fazer grande sucesso... Decididos em alcançar estrelato, tomam a corajosa decisão de se mudar para o lugar que mais valorizava o Hard Rock no planeta, ou seja, a colorida e luminosa Los Angeles do final dos anos 1980.
E, como era um período de mudanças, o Kingpin passa a se chamar definitivamente Shotgun Messiah e rapidamente remixou o disco que havia liberado inicialmente em seu país natal, lançando-o agora como “Shotgun Messiah” nos EUA e Europa. E, dentro das circunstâncias, o álbum até que conseguiu uma posição razoável, pois alcançou a 99º nos charts.
Após tocarem pela região, alguns atritos entre Zan e o resto da banda culminou na expulsão do vocalista. Assim sendo, quem assumiu o microfone foi o baixista Tim Tim e para o contrabaixo recrutaram o norte-americano Bobby Lycon.
Agora o Shotgun Messiah iria adentrar em sua melhor fase, o que se verificou em 1991 com “Second Coming”, um disco muito maduro e que revelou o mais famoso hit da banda, "Heartbreak Blvd". Ainda assim o álbum alcançou o distante 199º das ditas paradas – mas, apesar da importância que invariavelmente muitos dão a isso, o fato é que as canções possuíam melhores arranjos, mais despojados e crus, com as linhas vocais de Tim Tim influenciando em muito na sonoridade final.
Foi nessa época que o Shotgun Messiah mostrou a influência que sofria do Punk Rock, exibida de forma explícita em 1992 com o EP “I Want More”, com versões de canções do RAMONES, Stooges e New York Dolls, inclusive abrindo para ninguém menos que os mercenários ingleses do Sex Pistols. Mas, de concreto, nada acontecia a nível comercial.
A insatisfação atingiu tal proporção que somente sobrou o vocalista Tim Tim e o guitarrista Cody para continuar com as aventuras do Shotgun Messiah. E a aventura seguiu por rumos mais industriais, tão diferente do Hard Rock de alguns anos atrás... Então não deu outra: "Violent New Breed", de 1993, foi um total fiasco nas vendas e o Messiah pôde, enfim, descansar em paz.
Skold passou por vários projetos, sendo o mais relevante a sua parceria com Taime Downe (Faster Pussycat) no industrial Newlydeads. De 2002 a 2008 Skold também substituiu Twiggy Ramirez como o baixista da banda de MARILYN MANSON e atualmente está trabalhando com afinco em sua carreira solo.

BULLETBOYS
Bulletboys
(1988 / Warner Brothers Records)

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Natural da Califórnia, o Bulletboys tomou forma em 1986 com Marq Torien (voz), Mick Sweda (guitarra), Lonnie Vencent (baixo) e Jimmy D'Anda (bateria). E vale mencionar que anteriormente o vocalista Torien tocou guitarra por três meses no Ratt e até conseguiu uma audição para tentar preencher a vaga de Randy Rhoads na banda de Ozzy Osbourne; além de a dupla Sweda e Vencent terem passado pelo King Kobra.
O Bulletboys foi comparado desde o início com o VAN HALEN. Ainda que não fosse assim tão similar a nível musical, havia alguns motivos para tanto, como o fato de a performance de Torien ser tão enérgica quanto à de David Lee Roth, ou ambas as bandas terem como produtor Ted Templeman, que inclusive deu grande apoio ao Bulletboys para que este assinasse com a Warner Brothers Records, que, oras vejam, também era a gravadora do VAN HALEN.
De qualquer forma, seu primeiro disco auto-intitulado chegou ao público em 1988 e logo a seguir a banda começa a tocar pelo seu país com o Cinderella, Cheap Trick, BON JOVI, Poison e Winger. E no ano seguinte passaram pela Inglaterra, totalizando aproximadamente 400 shows para a divulgação de seu debut.
Paralelo às apresentações, composições como “Hard As A Rock”, "Kissin 'Kitty" e o single "Smooth Up In Ya" fizeram com que o disco atingisse platina pelas vendas, permitindo que o quarteto gozasse do almejado estrelato no final do movimento glam de Los Angeles.
Mas seu próximo álbum demorou muito para ser lançado, chegando ao mercado somente em 1991, época em que o mundo da rock´n´roll estava começando a mudar radicalmente. “Freakshow” foi gravado tendo seu vocalista constante problemas nas cordas vocais e mostrava um Bulletboys ampliando seu horizonte musical ao incorporar o blues e funk ao Hard Rock. Estas características ficavam bem exemplificadas em “THC Groove” e “Talk To Your Daughter", fazendo com que o disco tivesse um astral mais alternativo.
Apesar das dificuldades dos novos tempos, o Bulletboys não se intimidou e seguiu na luta pela sobrevivência, adaptando sua música de acordo com as necessidades da ocasião. E “Zaza”, de 1993, ainda era um álbum de rock, mas com um acentuado pop, se comparado com seus antecessores.
A partir daí, o grupo constou na onda das demissões perpetradas pelas grandes gravadoras. E para ajudar, Mick Sweda e Jimmy D'Anda decidiram seguir outros rumos para sua carreira, sendo respectivamente substituídos por Thomas Pittam e Robby Karras. Assim, o osso duro do Bulletboys liberou “Acid Monkey” em 1995, permitindo que a nova formação percorresse todo o país para divulgar esse disco. Mas a sonoridade ainda mais alternativa afastou de vez até mesmo o mais ferrenho defensor da banda e, devido às baixas vendas, o Bulletboys jogou a toalha e encerrou as atividades.
Somente em abril de 1999 é que a formação clássica se reúne para tocar no Estádio Adelante, na Califórnia. O Bulletboys novamente provou o gosto do sucesso, pois a resposta do público mostrava que sua química continuava intacta. E dizem que foi em homenagem aos fãs que, no ano seguinte, a banda regravou todos os seus hits para a coletânea “Burning Cats And Amputees”. Mas a homenagem se mostrou inútil, pois os tais fãs simplesmente não aprovaram as novas versões de seus antigos sucessos...
Posteriormente, e tendo somente o vocalista Marq Torien como membro da formação original, o Bulletboys continuou a reinventar sua música, liberando em 2003 o disco “Sophie”, que inclusive apresentava como convidado Sebastian Bach, do SKID ROW. Depois, outra compilação chamada “Smooth Up In Ya - The Best Of” (06) e o ao vivo “Behind The Orange Curtain” (07), e mais nada.
Ainda que sua música tenha se descaracterizado do Hard Rock ao longo dos anos, é inegável que a intensidade do debut “Bulletboys” faça com que este seja considerado por muitos como um destes raros clássicos no estilo.

SHY
Excess All Areas
(1987 / BMG Records)

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Era o início da década de 1980 quando o Trojan tinha Birmingham como base. Sua proposta era quase um Heavy Metal Tradicional, bem mais pesado se comparado com muitos dos tantos grupos que pipocavam pela Inglaterra. Com o passar do tempo os músicos foram modelando sua sonoridade, tornando-a bem mais intrincada e AOR, e, aí sim, adotou o nome Shy como definitivo.
Curiosamente, o vocalista Tony Mills foi despedido um dia antes de o resto da banda receber a inesperada oferta para gravar um disco com a Ebony Records, cujos empresários aprovaram a faixa “Tonight” que o Shy emplacara na coletânea “Metal Warriors”.
Obviamente Steve Harris (guitarra), Paddy McKenna (teclados), Mark Badrick (baixo) e Alan Kelly (bateria) tiveram que engolir um belo sapo e chamar o desafeto de volta. Assim, feito as pazes, em 1983 estréiam com “Once Bitten... Twice...”, cuja repercussão pela mídia especializada foi bastante positiva.
Positiva a ponto de algumas grandes gravadoras começarem a sondar o novo potencial lucrativo da região. E, como o contrato com a Ebony era para apenas um disco, não deu outra: o Shy partiu para vôos mais altos ao assinar com a RCA.
Com Roy Davies assumindo o contrabaixo, “Brave The Storm” chega às prateleiras em 1985. Além dos excelentes teclados, a produção de Tony Platt (AC/DC) merece créditos, em especial com o resultado obtido nas vozes, tão elogiado que Mills foi comparado com ninguém menos do que Geoff Tate, do Queensrche. Para a divulgação do novo disco, o Shy parte excursionando com o UFO, Magnum, Twisted Sister, BON JOVI e vários outros.
Um fato lembrado até os dias de hoje ocorreu em território italiano, quando o MANOWAR, profissional como é, simplesmente cortou a energia enquanto o Shy estava tocando para um público estimado em 6000 pessoas. Os norte-americanos metidos a bárbaros alegaram incompatibilidade musical – e isso seria motivo para tal atitude? – mas os ingleses simplesmente sugeriram que sua atuação estava chamando muito a atenção, mais do que o próprio MANOWAR. Então...
A RCA decidiu que o Shy deveria passar uns tempos em Los Angeles para absorver o Hard Rock norte-americano antes do novo processo de composição. Passado esse período de ‘absorção’, em 1987 os músicos se deslocam para a Holanda e, sob a produção de Neil Kernon (Dokken, Queensrche), liberam seu terceiro álbum. “Excess All Areas” se revelou o maior sucesso comercial do grupo, tendo como carro-chefe “Break Down The Walls”, composta em parceria com Don Dokken, que impulsionou o disco à 75º posição dos charts britânicos.
Mesmo com a excelente fase, surgem desentendimentos entre o Shy e sua gravadora, e a banda opta por continuar sua carreira com a MCA Records. Novamente retornam aos EUA para buscar inspiração, mas “Misspent Youth”, de 1989, resulta em algo muito aquém da incontestável consistência de seu antecessor. Os músicos não poupam Roy Thomas Baker (Queen, The Cars), alegando que este simplesmente não se esforçou em nada em prol das canções.
Vale mencionar que, mesmo com as boas resenhas que seus discos anteriores invariavelmente receberam, a relação entre o Shy e a imprensa – em especial com o pessoal da Kerrang – nunca foi das melhores. Neste estado de espírito, a banda tinha que defender um álbum que eles mesmos consideravam um fracasso a jornalistas ingleses não tão amistosos. Além disso, nem mesmo a excursão que fizeram com o Badlands, Enuff Z'Nuff e o Sleeze Beez minimizou as constantes desavenças entre Mills e o baterista Allan Kelly.
Descontente com tudo, o vocalista simplesmente pediu as contas. Ao Shy não restou alternativa a não ser procurar um substituto à altura, e sobrou para o norte-americano da Califórnia John Ward, que já tinha passado pelo Madam X e pela banda do SLASH. E, mesmo o homem tendo feito bonito em “Welcome To The Madhouse”, de 1994, os antigos fãs eram exigentes e clamavam pela volta do carismático Mills.
Somando à equação o Grunge desestabilizando todo o cenário de Hard Rock e Heavy Metal nessa época, o resultado somente poderia ser o Shy também caindo no ostracismo. Mas esse ostracismo não impediu que os ingleses continuassem compondo. Tanto que, em 1999, e com Tony Mills provisoriamente no microfone, liberaram nada menos do que três álbuns: “Regeneration”, “Let The Hammer Fall” e o ao vivo “Live In Europe”.
Após algumas negociações, Mills aceita ficar em definitivo no Shy, mas desde que Kelly seja demitido, o que fatalmente ocorreu, afinal, geralmente é mais fácil achar outro baterista, não é mesmo? O EP “Breakaway” chega ao mercado em 2002, onde a banda se apresenta como um sexteto, agora com a inclusão das baquetas de Bob Richards, a guitarra de Ian Richardson e o teclado de Joe Basketts.
No ano seguinte, o CD completo. “Unfinished Business” possibilita que o Shy seja novamente notado pelo público, o que aconteceu de forma definitiva em 2005 com os bonitos arranjos de “Sunset And Vine”, onde a banda obtém uma merecida repercussão que há muito não via.
Mas Mills se mostra um verdadeiro indeciso... Mesmo com a perceptível ascensão do Shy, o vocalista novamente abandona seu porto para ingressar no norueguês TNT. Ironicamente, o próprio Shy, então tendo Lee Small assumido o microfone, foi quem abriu as apresentações durante a turnê da banda que roubara seu precioso e atrapalhado cantor.
Atualmente há notícias de o Shy estar preparando um novo álbum, mas, por favor, nem me perguntem quem será o vocalista, ok?

BRIGHTON ROCK
Take A Deep Breath
(1986 / WEA Records)

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Um excelente grupo do Canadá, que começou sua trajetória em Niagara Fall no ano de 1982, quando os amigos Greg Fraser (guitarra) e Steve Skreebs (baixo) decidiram montar sua própria banda de rock´n´roll. Batizada como Heart Attack, os primeiros dias foram conturbados devido ao grande rodízio de músicos que entraram e saíram rapidamente de sua formação.
O maior problema era o vocalista ideal que não aparecia. Mas na época, na vizinha Hamilton, também havia um cantor que procurava a banda ideal – seu nome era Gerry McGhee, que não estava nada satisfeito no The Rockers... E foi somente quando as partes se encontraram que tudo começou a acontecer.
O trio trabalhou arduamente sob o nome Brighton Rock e, após estabilizar a formação com Martin Victor (teclados) e Mark Cavarzan (bateria), liberaram um EP independente e auto-intitulado em 1985. A faixa “Barricade”, além de obter grande apoio do público e mídia, recebeu ainda o reconhecimento instantâneo da gravadora WEA.
Bem amparados, “Young, Wild And Free” foi produzido por ninguém menos do que Michael Wagner e liberado em 1986 a nível mundial (alguém viu esse disco no Brasil?). Seu Hard Rock seguia uma linha mais inglesa e, graças à “We Came To Rock” e a balada “Can't Wait For The Night”, os canadenses partem para sua primeira tour pelos EUA e Europa, mas não antes de John Rogers assumir os teclados.
Empolgados pela estréia tão bem sucedida, tanto em vendas como pela presença do público em suas apresentações, o Brighton Rock entra em estúdio cheio de idéias para as novas canções. Sob a produção de Jack Richardson, em 1988 o grupo retorna com "Take A Deep Breath", que rapidamente alcança a 22º posição em seu país e logo em seguida arrebata o certificado de outro graças às excelentes "One More Try" e "Hangin' High 'n' Dry". Com tão boas notícias, o grupo começa a divulgar o novo disco pela Inglaterra.
Em meio às composições para o terceiro disco, John Rogers pede as contas. Assim sendo, o Bringhton Rock, aborrecido com seus tecladistas, opta por seguir em frente sem a presença deste instrumento. O resultado aparece em 1991 sob o nome "Love Machine", o mais pesado álbum do conjunto que, sabe-se lá o real motivo, foi lançado somente no Canadá, para decepção de muitos dos admiradores conquistados além de suas fronteiras.
Sem tecladista, o conjunto contrata uma segunda guitarra para a próxima e fatigante excursão. De qualquer forma, parece que o Brighton Rock realmente se exauriu ao longo de seus frutíferos anos, pois, assim que encerraram essa longa série de shows, a banda simplesmente anunciou oficialmente o término de suas atividades, notícia que pegou muitos fãs de surpresa.
Mas, como lá pelo final dos anos 1990 o Hard Rock voltou a ser alvo do interesse do grande público, eis que aquela que é considerada a melhor formação – Gerry McGhee, Greg Fraser, Steve Skreebs, Johnny Rogers e Mark Cavarzan – anunciou um reencontro em 2001, para no ano seguinte liberarem o álbum ao vivo "A Room For Five Live". Novo disco chega somente em 2006, com a coletânea "The Essentials". Novo, pero no mucho.

HURRICANE
Over The Edge
(1988 / Enigma Records)

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O Hurricane é mais um destes nomes que possuía mais conteúdo melódico do que muitos dos que estavam em voga na época. A banda é conhecida por ter em suas fileiras o guitarrista Robert Sarzo e o baixista Tony Cavazo, que eram os irmãos mais jovens de Rudy Sarzo e Carlos Cavazo – músicos que fizeram história nos bons tempos do Quiet Riot, isso dois anos antes do início das atividades do próprio Hurricane.
Assim sendo, a dupla começou a trabalhar no Hurricane em 1984 e, após várias trocas de membros, teve sua formação estabilizada com o vocalista Kelly Hansen e o baterista Jay Schellen. E o pessoal teve que batalhar por conta própria, pois as grandes gravadoras não lhes demonstrou grande interesse, independente da provável influência exercida pela parte mais famosa da família Sarzo e Cavazo.
Dispensando as demos em fitas cassete, o quarteto optou por investir no mini-disco “Take What You Want” em 1985. Ainda que independente nos EUA, o disco conseguiu ser lançado na Europa via Roadrunner Records. Esse feito, aliado às constantes excursões a que o Hurricane se propunha, começou a causar boa impressão no circuito musical até que a gravadora Enigma lhes ofereceu a possibilidade de contrato.
O primeiro ato da Enigma foi liberar “Take What You Want” em território norte-americano e depois colocar o Hurricane abrindo para o Stryper. E, aí sim, a banda estava pronta para sua estréia em um disco completo. "Over The Edge" foi produzido por Mike Clink e o lendário Bob Ezrin foi o encarregado de supervisionar todo o projeto.
Lançado em 1988 e tendo como single a canção "I'm On To You", o álbum chega ao Top 40 das paradas de seu país. Porém, mesmo com este ótimo início, o guitarrista Robert Sarzo se demite e é substituído à altura pelo talentoso Doug Aldrich (ex-Lion).
Esta formação gravou “Slave To The Thrill" em 1990 e sua magnífica arte de capa – uma garota numa ‘escandalosa’ posição, com toda a vontade de manter relações sexuais com algum tipo de dispositivo futurista – foi infelizmente removida após a primeira prensagem. Mas o pior estava por vir... Enquanto o Hurricane promovia o novo álbum tocando pelos clubes em 1991, acabou recebendo a desagradável notícia de que sua gravadora havia decretado falência.
A Capitol Records até demonstrou interesse em continuar acompanhando o grupo, mas não houve um acordo que fosse razoável para as partes, infelizmente. Assim sendo, o Hurricane decidiu dar uma pausa em suas atividades, o que foi uma decisão acertada, pois a onda grunge chegou e literalmente arrastou a maioria das bandas na ativa desse período.
De qualquer forma, seus músicos continuaram envolvidos com outros projetos. E como Kelly e Jay sempre mantiveram uma grande amizade ao longo dos anos, o Hurricane acabou sendo ressuscitado como um quinteto que contava com os novos membros Sean Manning (guitarra), Carlos Villalobos (guitarra) e Larry Antonino (baixo), e o fruto desse retorno foi o bom “Liquifury”, que chegou às lojas em 2001 via Frontiers Records.

ALIEN
Alien
(1988 / Virgin Records)

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Apesar de um tanto quanto desconhecido no Brasil, o Alien deixou uma considerável herança para a cena AOR. A banda é natural da cidade sueca de Gothemburgo e foi formada em 1986 pelo guitarrista Tony Borg e o vocalista Hans Gislasson. Mas logo começou aquele que seria o maior calvário do Alien: sua constante troca de músicos.
Em menos de um ano Gislasson deixa seu posto e o guitarrista Borg recruta o vocalista Jim Jidhed. Contando ainda com Ken Sandin (baixo), Jimmy Wandroph (teclados) e Toby Tarrach (bateria), o Alien se torna extremamente famoso em 1988 ao liberar o single “Only One Woman”, escrito originalmente por Graham Bonnet. A faixa permaneceu nada menos do que seis semanas no primeiro lugar das paradas de sucesso da Suécia.
No embalo da fama, o conjunto estréia no mesmo ano com o álbum batizado simplesmente como “Alien”. Naturalmente a tal faixa de sucesso constava no repertório, mas “Brave New Love” e “Tears Don't Put Out The Fire” também contaram pontos para aumentar ainda mais seu prestígio entre os países escandinavos.
Mas, com o sucesso da ocasião já começando a atravessar as fronteiras da Europa, alguns egos se inflam e Jidhed, com sua bela voz, opta por seguir carreira solo. Sua substituição ocorre rapidamente com a entrada de Peter Sandberg (Madison, Von Rosen).
E em 1989 é lançado o mesmo “Alien” no mercado norte-americano, mas com nova capa e um repertório ligeiramente modificado, agora com oito das doze faixas originais (cinco das quais estavam remixadas) e acrescentou-se ainda “Now Love” e "The Air That I Breathe", cantadas pelo novo vocalista.
Assim, o terreno estava preparado para a chegada do segundo álbum. “Shiftin' Gear” é liberado em 1990 e tinha como músicos os já citados Borg (guitarra e baixo) e Sandberg (voz), além do tecladista Bert Andersson e o baterista Imre Duan (Snow Patrol). Mas nem bem o disco chegou às lojas e a formação se alterou novamente. Um inferno!
O Alien recrutou Richard Andre (teclados), Stefan Ridderstrale (bateria, Madison, Riff Raff) e Conny Payne (baixo). Como se não bastasse, Tommy Persson (Red Fun) assumiu as vozes... O motivo? Bem, quem resolveu seguir carreira solo agora foi o vocalista Sandberg – que, aliás, atingiu grande êxito, pois ao longo dos anos também passou a constar em seu currículo as bandas Snakecharmer e Bewarp, o que lhe garantiu o status de cult no meio AOR.
De qualquer forma, o Alien passou a ficar no gelo a partir de 1991, pois agora era o mentor e guitarrista que queria provar o sabor de um trabalho solo. Somente dois anos depois que é o grupo, então com a voz de Daniel Zangger Borch (Shere Kahn), volta com um novo disco, com o nada criativo nome “Alien” (de novo...!) e que passou longe de atingir a repercussão de seus antecessores, principalmente por sua produção ser considerada muito a desejar.
Em 1995, “Crash” surpreendeu por dois motivos: as canções estavam muito mais pesadas do que se poderia esperar em termos de Alien, e a formação oficial não se alterara. Quer dizer, em parte, pois, em função de alguns problemas de ordem pessoal, a bateria do novo álbum fora tocada por Michael Wilkman. Mas Ridderstrale já estava pronto quando o grupo começou a se apresentar ao vivo para a promoção do trabalho.
Ainda que seus músicos aparecessem esporadicamente em alguns projetos, o Alien liberou depois disso apenas uma coletânea e o disco “Live In Stockholm”, cujas canções foram captadas durante um show de 1990, quando a banda contava ainda com a voz de Sandberg. Entre algumas seletas apresentações ao longo dos anos, passou-se muito tempo até que surgisse algum álbum inédito novamente.
E foi com grata surpresa que os fãs receberam a notícia de que o guitarrista Borg estava novamente em parceria com o carismático e primeiro vocalista do Alien, Jim Jidhed. Assim, no final de 2005 os antigos admiradores puderam conferir o saudoso Alien em “Dark Eyes”, que, além da velha dupla, contou ainda com Mats Sandborgh (teclados), Berndt Ek (baixo) e Jan Lundberg (bateria).
Após isso, mais nada. Apesar de o Alien padecer em função do grande rodízio de sua formação, a beleza de suas composições ficou para a história a ponto de, mesmo depois de cerca de duas décadas, seus primeiros discos serem referência entre os amantes do AOR.

ROCK CITY ANGELS
Young Man's Blues
(1999 / Geffen Records)

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Existem rumores um tanto quanto bizarros acerca do Rock City Angels... Sua história remete aos anos 1980, quando o vocalista Bobby Bondage e o baixista Andy Panik's, impressionados após assistirem ao famoso documentário sobre Heavy Metal, "The Decline Of Western Civilization", decidiram montar o grupo The Abusers.
Ainda que inicialmente tocasse Punk Rock, aos poucos a banda vai adotando um visual mais glam e inserindo linhas melódicas típicas do Hard Rock à sujeira de sua proposta. Também passou a se chamar Rock City Angels, que foi firmando uma forte reputação ao sul da Flórida a ponto de sua demo atrair a atenção da New Renaissance Records, que ofereceu um contrato ao pessoal.
Assim sendo, logo em seguida o grupo se mudou para a Flórida, onde começou a conquistar sua nova base de fãs. De Bondage, Bobby passou a ser Durango, e foi nessa época que o precoce Johnny Depp (é, aquele ator!) ingressou no então Rock City Angels, isso antes de conquistar a fama no cinema.
E foi mais ou menos na época em que gravaram seu primeiro disco que as esquisitices começaram a acontecer. Antes do lançamento, a gerente da New Renaissance, Anne Boleyn, passou a receber constantes ameaças contra sua vida e foi informada que a Geffen Records era a mandante. A moça segurou as pontas, mas quando seu carro foi jogado para fora da estrada, ela simplesmente cedeu às pressões.
E assim a ‘vilã’ Geffen comprou o contrato e ofereceu ao Rock City Angels nada menos do que 6,2 milhões de dólares. Considerando que a fase punk em que se abominava o malvado capitalismo era coisa do passado, a banda aceita a oferta. Como Depp foi prontamente recusado pela nova gravadora (ou teria preferido prioridade à carreira de ator?), a banda passou a contar então com Durango (voz), Panik (baixo), Mike Barnette (guitarra), Doug Banx (guitarra) e Jackie D. Jukes (bateria).
O fato é que o Rock City Angels foi despachado para Memphis, Tenesse, onde ficou por dois anos tentando gravar seu (novo) disco de estréia. Mas sem problema, afinal, nada como alguns milhões para passar o tempo, não é mesmo? O motivo desse isolamento um tanto quanto inconveniente gerou vários boatos. O mais conhecido foi o de a Geffen simplesmente isolar o Rock City Angels, pois representava uma séria concorrência ao Guns´n´Roses, que na época estava em estúdio gravando o que viria a ser o famoso “Appetite For Destruction”. É mole?
De qualquer forma, o Rock City Angels estreou, enfim, com “Young Man's Blues” em 1988. Um disco de autêntico rock´n´roll, grudento e emocional, com ótima interpretação das torturadas linhas vocais de Durango. Mas tanto tempo afastado da cena fez com que seus antigos fãs, aparentemente não tão leais assim, acabassem procurando entretenimento em outras bandas – talvez no Guns...?
Abriram para o Jimmy Page, Joan Jett e o The Georgia Satellites; a MTV exibia o vídeo de "Deep Inside My Heart" em sua programação, mas nada os ajudou a conquistar novos interessados. O limite chegou quando o Rock City Angels mostrou as novas canções para os tubarões da Geffen, que as ignorou. O novo disco já tinha até nome, “Lost Generation”, mas nunca viu a luz do dia. E nem a banda, que simplesmente desapareceu.
Mas o leitor lembra-se do outro debut, aquele que o Rock City Angels gravou para a New Renaissance Records, e que nunca chegou ao público? Pois bem, estas gravações surgiram em 1999 e estão em um CD simplesmente conhecido como “Rock City Angels” ou ainda “Glam CD”. E em 2004 a banda surge sabe-se lá de onde com "Use Once & Destroy", que buscava um retorno às raízes punk. Os caras até possuem um myspace, mas disco novo que é bom...

Tesão pela vida: A Historia de Iggy Pop - Parte 01

Iggy é um mito. O pai do punk, a figura que levou todos os excessos que o rock consagrou aos extremos. Um poeta urbano com um aguçado senso de realidade, um tigre com um microfone na cara, um enlouquecido ao vivo. Em cena fez de tudo e mais um pouco: cortou-se, desmaiou, simulou sexo com músicos e fãs, provocou arrepios com seu olhar selvagem e suou noites e noites por puro prazer e tesão.


Seu Rostinho Lindo Vai Parar No Inferno


Apesar de uma carreira de mais de 30 anos de estrada, chamá-lo de "dinossauro" soa uma heresia. A cada disco, projeto, Iggy sempre mostrou coragem, carisma e uma sinceridade rara. Suas histórias com os Stooges ou internações psiquiátricas apenas reforçam o mito que construiu.
Por ironia do destino, Iggy é tido como uma mera descoberta de David Bowie (esse pensamento existe e muito!). Saiba que Ziggy Stardust, a criação de Bowie, não existiria sem Iggy Pop. E nem Sex Pistols, Siouxie and the Banshees, Joy Division, New Order, Jesus & the Mary Chain, Nick Cave, Smiths, e por aí vai. Iggy fez (e continua a fazer) músicas de inegávél mérito e qualidade. Ele é um pensador simples, com uma sonoridade básica, e embora de forma bem diferente, acaba se tornando tão influente para o rock quanto um Lou Reed ou Jimi Hendrix.
Crescendo em Carpenter Park
”Na época, o trailer era uma idéia revolucionária para qualquer um que não precisava morar em um. Meu pai era um doido.” – Iggy Pop
Bebê Iggy & mamãe Louella
Bebê Iggy & mamãe Louella

No dia 21 de outubro de 1947, em Muskegon no estado de Michigan, nasceu James Newell Osterberg Junior. Ele era filho de Louella Christensen, descendente de noruegueses e finlandeses e James Newell Osterberg, de descendência irlandesa e inglesa, que havia sido adotado quando menino por uma família sueca que foi morar nos Estados Unidos. Louell era controladora de vôo enquanto James pai era professor de ensino ginasial.
Quando o pequeno Jim tinha um ano e meio, a família mudou para Ypsilanti, uma cidade industrial, nos arredores de Ann Arbor. Sr. Osterberg não era uma pessoa muito social e não gostava da idéia de ter vizinhos xeretas aparecendo e observando o que faziam ou deixavam de fazer no próprio quintal. Iggy definiu seu pai como uma pessoa meio esquisita e meio socialista. Com sua aversão aos vizinho, Sr. Osterberg jamais se interessou em ter uma casa, no sentido tradicional da palavra. Assim sendo, na primeira oportunidade, ele comprou um trailer e a família se estabeleceu no Carpenter Trailer Park na estrada US23, perto do campus da Universidade de Michigan entre as cidades de Ypsilanti e Ann Arbor.
O parque ficava situado nos terrenos que pertenciam a um fazendeiro local chamado Leverette. Geralmente parques de trailers são locais habitados por dois tipos de pessoas: as de passagem, turistas ou trabalhadores e suas famílias vindo de outras cidades ou estados onde o trabalho ficou escasso. Encontram trabalho periódico em Ann Arbor ou Detroit, que fica perto. Permanecem por um tempo, depois seguem para outro lugar ou voltam para o estado ou cidade de onde vieram. Outro grupo de pessoas que vivem em trailers são as pessoas de poucos recursos, sem condições de comprar uma casa, mas com algum dinheiro guardado. Não querendo ficar pagando um aluguel alto, compram um trailer e vivem em um parque específico que oferece um espaço com um ponto de eletricidade em troca de um aluguel bem inferior (praticamente irrisório) do que qualquer apartamento no centro ou subúrbio. Desta maneira, os Osterberg acabaram sendo a única família do parque com educação formal completa.
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Iggy só iria conhecer o conceito de casa como algo fixo no chão quando estava cursando o primeiro ano primário, aos sete anos de idade. E mesmo assim, a diferença entre a maneira dele viver e de seus colegas de escola só iria começar a lhe afetar depois dos dez anos. A família Osterberg morava em um modelo ‘Full Moon,’ com 45 pés de comprimento por 8 de largura. Um trailer tem como regra, para economizar espaço, portas tipo sanfona sem trancas. Exceção feita para a porta do banheiro. Portanto, com o inicio da puberdade e a descoberta da satisfação encontrada no próprio sexo, o menino Jim passou a viver o maior tempo possível se masturbando no milharal do fazendeiro Leverette.
Aluno Modelo
“Não tenho nenhuma opinião sobre o que pessoas falam sobre coisas que eu tenha feito.” – Iggy Pop
Ann Harbor era uma cidade estudantil, distante 65 km a oeste de Detroit. Devido ao ar poluído, o pequeno Jim sofreu durante vários anos de bronquite e princípios de asma, o que obrigava os pais a terem sérias preocupações com sua saúde. Seu quadro ficava sistematicamente pior no final de outono, durante a extensão do inverno e às vezes até o inicio da primavera. Nunca no calor do verão. Sua condição exigia que tivesse um adulto supervisionando seus movimentos sempre. Como seus pais trabalhavam, ele ficava por conta de uma babá. O pequeno James passou boa parte de seus primeiros oito anos de vida tomando banhos de vapor e sendo vigiado vinte e quatro horas por dia. Somente depois dos oito anos ele teve permissão para sair sozinho pelas redondezas, desde que desse notícias a cada vinte minutos. Esta vigilância sistemática continuaria até quase os quatorze anos.
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Independente disso, James era uma criança alegre, divertida e simpática, além de ser excelente aluno, disciplinado, inteligente e observador, chegando a ser considerado um "aluno modelo". Seu primeiro educandário foi uma escola comunitária chamada Carpenter School. James logo demonstrou uma extrema facilidade com Matemática e Inglês. Durante o segundo ano primário já podia soletrar palavras grandes não importando quantas silabas tivessem, causando constrangimentos durante os campeonatos internos de soletração, em alguns alunos da terceira e da quarta série. Aos poucos, foi mostrando também uma forte queda pela arte, sempre engajado nos projetos musicais e de teatro da escola.
Depois dos oito anos, seu tratamento contra asma passou a ser uma droga receitada chamado Quadranol. Sua composição química continha efedrina para estimular as glândulas adrenais e fazendo com que os brônquios inchados encolhessem, permitindo assim que a pessoa voltasse a respirar normalmente. Para não ficar muito excitado, o composto também incluía uma dose de fenobarbital, que servia como relaxante e calmante. Sua dose era meia pílula por dia, mas aos nove anos, James passou a ter o hábito de roubar algumas e tomar secretamente uma pílula inteira. Em suas palavras, ele define a experiência como sendo "Wow!"
Durante toda a sua vida até então, James foi incutido o medo de andar livremente pela vizinhança, por medo de ter uma crise repentina e não ter ninguém para acudi-lo. Mas agora que ele tomou uma pílula inteira, dentro de seu raciocínio infantil, ele achou que podia tentar dar uma volta. James Júnior descobre o que é fazer uma caminhada pelo campo sozinho pela primeira vez. Ele também descobre o barato que é tomar DROGAS e o associa a sua nova sensação de liberdade. Ainda continuaria havendo um considerável controle sobre o jovem Jim; o receio e temor pela saúde do menino foi um hábito difícil para seus pais quebrarem. E aos poucos, James começava agora a dar sinais claros de rancor.
Paixão Por Baseball
Uma das maiores mágoas era que seu pai jamais o deixou jogar nenhum esporte coletivo. Seu pai, James Osterberg Senior quando solteiro foi um ótimo jogador de beisebol, mostrando-se um exímio batedor e guardião da primeira base. Tanto que chegou a jogar nos times juvenis do Brooklyn Dodgers antes da Segunda Guerra. Quando ele ia ser aproveitado para o time profissional, estourou a Guerra e ele acabou convocado. Ao retornar, resolveu investir em uma educação superior. Com a mesma facilidade para aprender que seu filho demonstrava, James Osterberg pai acaba fazendo faculdade e se formando em letras, se tornando em seguida professor de primeiro grau.
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Seu filho James Osterberg Júnior herdou de seu pai o talento natural para jogar baseball. Porém, as únicas ocasiões em que tinha oportunidade para demonstrar o talento eram nas partidas amadores em campos de férias. Eventos onde seu pai era um dos professores/conselheiros e vigias. Sr. Osterberg era responsável por organizar os times, a partida e ainda servia de pitcher (ou lançador) para os dois times. O pequeno James, uma vez já na adolescência, estava começando a se sentir frustrado pela constante presença controladora do pai. Foi em uma destas partidas que Jim de taco na mão, ao receber o lançamento do pai, tentou acertar a tacada de forma que a bola fosse direto de volta em direção do lançador. Iggy diria que ele mirou nos dentes de seu pai. Bom batedor que era, dito e feito, a bola acertou o pai na cabeça, resultando em um galo.
Foi cursando Junior High School no Ann Arbor High que o pequeno James começou a sentir os primeiros conflitos com garotos de sua idade. O motivo era o mais simples possível. Jim estudava com meninos ricos, abastados e que o ridicularizavam por morar em um trailer. "Os meninos não deixavam que eu me aproximassem deles por me considerarem uma pessoa pobre, esquisita. Eu tinha tanto conhecimento ou até mais do que eles, mas era julgado pela aparência modesta da minha família. Isso me machucou muito."
Uma importante lição de vida aprendida pelo pequeno Jim aconteceu quando vários meninos de sua turma da escola vieram lhe visitar. James inicialmente pensou que vieram como amigos, mas os garotos criaram uma algazarra na casa, mexendo e desarrumando tudo. Depois, para coroar o dia, passam a empurrar o trailer pelos lados, sacudindo-o na esperança de ver se a geringonça poderia ser virada. Mesmo não conseguindo o que queriam, muitas coisas acabaram caindo e se espalhando ou espatifando pelo chão. Esta foi a lição. Sempre desconfiar de gente com melhor situação financeira que você, principalmente se vierem com um papo de ser seu amigo.
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Ainda um bom aluno, James mostrou ser um bom orador. Acabou se tornando vice-presidente de sua turma, o que lhe conferiu a tarefa de orador em um projeto da escola que imitava as reuniões internacionais realizadas na ONU. O projeto foi chamado "The Model United Nation". "Eu não me lembro qual país Jim tinha que representar. Ele ficou dias e dias trabalhando nisso e fez um excelente projeto sobre como deveria ser a Nações Unidas naquele tempo", lembra sua mãe. Foi também durante o segundo grau que Jim passou a se desenvolver com composições escritas. Jim escrevia tão bem que alguns de seus poemas acabaram sendo publicadas em revistas estudantis. Muitos dos outros alunos consideravam este material bem avançado para os tempos. Foi também nesta fase que a música entrou definitivamente em sua vida.
A Descoberta do Som
“Na fábrica, com a criação de cada pára-choque, fazia-se um estrondo impressionante. Era um som tão simples, que até nós podÍamos domá-lo.” – Iggy Pop
Quando Jim tinha nove anos, ele fez um passeio escolar com o resto de sua turma. Morando em Ann Arbor ao lado de Detroit, centro automobilístico do país, no lugar de um museu ou o zoológico, o passeio foi visitar a fábrica de automóveis da Ford que ficava em River Rouge. Este passeio foi representativo, porque nele, Jim acabou ouvindo um som. Era o barulho da maquinaria fazendo pára-choques de ferro. A cada impacto, um estrondo e seu eco subseqüente. Este estrondo, simplista em sua essência, fazia o coração bater mais forte, tamanho volume, graças a violência do impacto. Jim jamais iria esquecer daquele som.
A partir daí, Jim passaria a perceber com maior atenção, os sons que existia ao seu redor. Morar em um trailer, onde tudo é elétrico, trouxe para Jim uma variação diferente de sons e uma noção para apreciá-los. Um dos sons que passou a chamar muita sua atenção era o aquecedor elétrico de ambiente, uma espécie de ventilador que soprava ar quente. O barulho do aparelho em si o deixava intrigado ao ser ligado ou desligado. Jim às vezes usava a grade do aparelho, tocando-a feito uma harpa. Outro som que ele gostava de ouvir era o zumbido emitido pelo barbeador elétrico do seu pai. Iggy hoje credita a seu trailer e todo o metal que o cercava, por provocá-lo a ser baterista. Ele passaria a batucar em tudo, usando as panelas de sua mãe como tambores e seus brinquedos como baquetas.
Jim se tornara um menino atento a música que rolava nos finais dos anos 50 e começo da década de 60. Seus artistas favoritos eram o mais ecléticos possíveis: jazzistas como John Coltrane, Archie Shepp, Sun Ra, e crooners como Frank Sinatra. Bluesmen como Howlin' Wolf, Muddy Waters, eram influências da cidade de Chicago que não ficava muito longe. Grupos vocais de negros também eram apreciados, uma influência da cidade vizinha Detroit. E rockers como Jerry Lee Lewis, Carl Perkins e Elvis Presley, uma influência em praticamente todo garoto da época. Tanta paixão acabou fazendo com que relaxasse sua vida acadêmica e optasse por tornar-se um baterista. Mas não foi nada fácil.
Os Iguanas
“Todos nós quando garotos sonhávamos com o sucesso, em atrair outros adolescentes, em encontrar o prazer de viver. Eu descobri isso através da música.” – Iggy Pop
Foi ainda em Junior High School que James passou a tocar bumbo na banda da escola. Ele tinha um colega de sala que tocava bem violão chamado Jim McLaughlin. Osterberg convence McLaughlin a se juntar a ele e entrar em uma apresentação de talentos promovida anualmente pela a escola. Este acabou sendo o primeiro gosto pela ribalta dos dois. Apresentam "Let There Be Drums" e outro número, um improviso a base de um riff criado por McLaughlin cujo o nome até ele mesmo já esqueceu.
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No ano seguinte, já em High School, McLaughlin chama seu amigo e vizinho Sam Swisher para se juntar ao grupo tocando saxofone. Nasce assim The Iguanas no outono de 1963, Osterberg então com 15 anos de idade. Como havia dois Jims na banda, Jim Osterberg passava ser chamado de Jim O. O primeiro emprego dos Iguanas foi uma apresentação realizada em uma festa na University High School. A banda foi paga com nove dólares pela noite, um total de três dólares para cada um, uma boa soma já que em 1963, um compacto simples custava meio dólar.
Empolgado com a recepção do público, Jim O incentiva a investir mais na banda, e portanto gravam as primeiras demos com a ajuda do pai de Jim McLaughlin, que preparava profissionalmente a trilha sonora para patinadores olímpicos. A sessão rendeu a gravação de sete instrumentais. São eles "Out of Limits", "Walk Don't Run", "Surfin' Bird", "Johnny B. Goode", "Tequila", "Pipeline" e "If I Had A Hammer", versão americana para o sucesso Italiano “Datemi Un Martello.” Pelo repertório escolhido, verifica-se a influência de surf music da costa oeste e a ausência total de bandas inglesas que em 1963, ainda não haviam conquistado o mercado norte-americano.
No início de 1964, The Iguanas sentiram a necessidade de um baixo para dar chão ao som e um segundo guitarrista. Chegava então Nick Kolokithas e Don Swickerath, respectivamente guitarra e baixo, transformando assim o trio em um quinteto. The Iguanas fizeram um relativo sucesso em Ann Arbor, e durante a maior parte do ano, tocaram em festas colegiais e fraternidades, depois evoluindo para conseguirem apresentações em clubes noturnos e concertos.
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Conforme seu envolvimento com The Iguanas e a cena musical de Ann Arbor ia consumindo mais de seu tempo, mais preocupados e irritados ficaram seus pais. "Eu me lembro de uma discussão que tive com meu pai porque ele disse que estava decepcionado comigo por ter largado a escola para me tornar músico e que eu deveria sair de casa se quisesse continuar com isso. Eu disse que saía, mas no primeiro segundo que botei os pés fora do lar fiquei assustado e ele foi bastante compreensivo e carinhoso para rever sua opinião e me ajudar." Depois do desapontamento inicial, os pais de Jim decidiram que o correto seria dar total apoio à escolha do filho, tanto na parte material, como emocional.
Com a nova formação de quinteto, uma nova sessão de demos foram gravados, novamente na casa de Jim McLauglin. Agora com McLaughlin e Kolokithas fazendo vocais, gravam um repertório que já demonstra a influência da época imposta pela invasão do rock britânica no mercado americano. Gravam então "Twist And Shout", "Things We Said Today", "Slow Down", "I Feel Fine", "Tell Me", "Wild Weekend", e "California Sun". Gravam também a mais clássica dos roques de garagem, "Louie Louie", primeira ocasião conhecida em que Iggy assume os vocais.
Com a invasão britânica, Jim O passou logo a admirar além dos Beatles, a banda irlandesa Them (que tinha como destaque o vocalista Van Morrison) e a banda mod The Kinks. Aliás, "You Really Got Me" foi durante um certo tempo uma das suas canções prediletas. O ano de 1965 traria também o impacto da canção "Satisfaction" e a primeira prova da influência dos ROLLING STONES sobre o circuito rhythm & blues. Agora, a adoração de Jim O pelos Kinks só fora suplantada quando ele ouviu The Who. Curiosamente, embora The Who só fosse conseguir conquistar efetivamente o mercado americano após sua participação no festival de Monterey em 1967, dentro do estado de Michigan a banda ganhou fãs imediatos desde seu primeiro lançamento, "My Generation" em 1965.
The Iguanas se mantiveram ativos durante todo o ano. Tanto trabalho rendeu ao grupo verba para investir em um compacto simples. A sessão de gravação foi realizado no United Sound Studio entre final dezembro de 1964 e inicio de janeiro de 1965. Gravaram então três canções. Duas composições novas, "I Don't Know Why" escrita por Kolokithas e "Again And Again" escrita por James Osterberg (Iggy). Além destes dois, teve ainda o grande número do momento da banda, "Mona" de Bo Diddley.
O estúdio era de quatro canais onde em um canal se gravou a banda tocando o número, no segundo e terceiro canal gravaram a voz e no quarto percussões e detalhes na bateria. Lançaram o compacto Mona/I Don't Know Why através de um selo que eles mesmo criaram, Forte Records, no melhor estilo faça você mesmo. Cerca de 1000 cópias foram produzidas onde a banda passou a vender durante seus shows. Em Ann Arbor, alguns compactos chegaram a fazer parte das seleções em jukeboxes, aquelas caixas que tocam discos por uma moeda. Outros chegaram a tocar nas rádios locais e até em uma programação na cidade vizinha de Detroit. Não chegou a entrar em nenhuma parada de sucesso, porém ajudou o suficiente para os Iguanas conseguirem apresentações em várias cidades como Lansing, Chicago e Toledo, iniciando um período que pode ser considerado o auge do grupo.
Nick Kolokithas, Don Swickerath, Sam Swisher, Jim McLaughlin, e Jim Osterberg
Nick Kolokithas, Don Swickerath, Sam Swisher, Jim McLaughlin, e Jim Osterberg

James Osterberg acabou os seus estudos em 1965, quando resolveu fazer da banda um grupo com apresentações constantes. Conseguiram no verão daquele ano seis apresentações semanais, com cinco entradas por noite no Club Ponytail em Harbor Springs. Jim O recebia a considerável quantia para a época de 55 dólares semanais. Uma das primeiras coisas que ele fez com seu primeiro pagamento foi comprar os recém lançados "Bring It All Back Home" de Bob Dylan e "Out Of Our Heads" dos Rolling Stones, seus dois primeiros LPs. Até então, ele só tinha compactos.
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O Harbor Springs era um resort, ponto de alta classe, com hospedes seletos. Entre outras bandas que estavam tocando no local durante a estadia dos Iguanas estavam The Kingmen, The Shagri-las, The Four Tops, The Guess Who e The Reflections. Além do repertório da banda, em várias ocasiões, tiveram que servir como banda para cantores ou cantoras contratadas. Crooners com carreiras menos marcante; gente como Bobby Goldsboro.
O ambiente e clientela luxuosa serviu para fazerem contatos. Entre estes, conseguiram alguém para bancar a ida e estadia da banda em Chicago naquele outono para tocarem no aniversario da filha, que adorara a recente apresentação do grupo. O dinheiro e a atenção acabaram subindo a cabeça de Jim O que resolve pintar o cabelo de platina, coisa para aparecer no palco, uma vez que o baterista ficava sempre escondido lá trás. O problema é que fora do palco, um adolescente andando pelas ruas de cabelo comprido e platinado no interior de Michigan em 1965, geralmente atrai atenção mesmo que não queira. E foi de fato o que aconteceu. Jim acabou preso e depois despedido do Club Ponytail.
Mas se para James, a música era sua paixão, para os outros integrantes, o grupo era apenas uma diversão de adolescência. Com o fim do verão e o inicio das primeiras aulas na faculdade para a maioria dos integrantes dos Iguanas, a turma resolveu que era melhor deixar a banda de lado para não atrapalhar os estudos. Jim O ficou arrasado quando os outros integrantes resolveram deixar o grupo. "Fiquei muito frustrado com isso. Música era a minha vida, e para eles não. Eles queriam ficar compondo ao estilo BEATLES. Eu queria rock mais bruto, tipo Kinks, Who, Them, Stones. Acabamos nos separando."
Aluno da Universidade de Michigan
“Tentei faculdade por um semestre mas percebi os estudantes como sendo brutos e idiotas.” – Iggy Pop
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Para curar a dor, James Osterberg volta a estudar, conseguindo ingressar na Universidade de Michigan com facilidade, já que possuía um excelente histórico escolar. Acabou matriculando-se no curso de antropologia, e durante o tempo que esteve se dedicando às suas aspirações acadêmicas, conheceu através de uma amiga a banda The Velvet Underground.
A amiga é na verdade a mãe de um colega de sala, Tom Wehrer. Anne Wehrer era uma mulher extremamente engajada com movimentos culturais. Membro do grupo teatral The One Group, seus esforços e influência sobre assuntos culturais dentro da Universidade de Michigan lhe proporcionou a tarefa de co-dirigir The Dramatic Arts Center. Esta instituição, sobre sua tutela, passou a se dedicar a produções de peças avant-garde e exposições de filmes experimentais de 16mm. Junto com seu marido, acabam fundando The Ann Arbor Film Festival, The Ann Arbor Blues Festival e uma serie de concertos gratuítos no parque da cidade.
Seus contatos se estendiam para os dois pólos culturais do país, Nova York e Los Angeles. A ponto que sua casa foi freqüentada por gente como Jane Fonda ou Andy Warhol quando estes estiveram na cidade. Andy Warhol estava excursionando os Estados Unidos com seu show The Exploding Plastic Inevitable. Esta exposição consistia em ter uma banda em um palco tocando enquanto filmes e slides eram projetados sobre eles ao mesmo tempo em que três pessoas dançam e encenavam coreografias específicas, geralmente ligados ao sadomasoquismo. Tudo isto enquanto fazia-se jogos de luzes. Um conceito totalmente novo, idealizado inicialmente por um escritor beatnik chamado Byron Gysin, que usou para seus recitais. Warhol é o primeiro a pegar a idéia e explorar ela ao máximo dentro do conceito de show de música. É claro que hoje em dia, um show de rock com show de luz é coisa comum. Mas para março de 1966, isto era uma novidade.
A apresentação do show The Exploding Plastic Inevitable foi realizado na própria Universidade, onde houve sobre a tutela de Ann Wehrer vários eventos artísticos desta natureza. A banda que tocava neste evento montado por Andy Warhol era a coisa mais estranha que já se ouviu naquele pedaço do mundo. Chamavam-se The Velvet Underground e eram de fato extremamente diferentes do que se espera de uma banda supostamente de rock. Presente ao evento estava Jim O., que odiou a banda com toda a paixão. Após o evento, foi realizada uma festa na casa de Wehrer e através de sua amizade com Tom, Jim freqüentou. Lá conheceu e conversou com Andy Warhol, Lou Reed, John Cale e Nico, embora o VU musicalmente não fosse nada para ele então. Levaria meses até Iggy passar a realmente entender e se alimentar musicalmente desta fonte. No entanto, não demoraria muito para James concluir que a vida de estudante de antropologia pouco lhe acrescentava. Logo o interesse por música falou mais alto e Iggy acabou arranjando um emprego em uma loja de discos chamada Discount Records.
The Prime Movers
“Muita da seriedade nos ensaios empregado nos Stooges eu aprendi com esses caras.” – Iggy Pop
Quando o Butterfield Blues Band tocou em Ann Arbor pela primeira vez em 1965, acabou germinando o interesse de alguns garotos brancos em tentarem tocar blues seriamente. Embora eles já gostavam do chamado blues clássico, o exemplo de ver músicos brancos tocando blues de qualidade, impulsionou o nascimento da banda The Prime Movers no verão de 1965. A formação inicial contava com os irmãos Erlewine - Daniel e Michael; Robert Sheff, Robert Vinopal e Spider Winn. A divisão de tarefas contava com Michael na guitarra rítmica, gaita e vocais, Daniel na guitarra solo e vocais, Sheff nos teclados e vocais, Viopal no baixo, enquanto Winn cuidava da bateria. Com a entrada do ano de 1966, Viopal acaba deixando o grupo e sendo substituído por Jack Dawson. Depois foi a vez de Winn deixar o grupo.
Ensaio em North Division Street
Ensaio em North Division Street

Tendo uma boa reputação com baterista, James Osterberg foi então procurado e convidado a integrar o grupo. James tinha apenas 18 anos, percebendo rapidamente que os rapazes desta banda, além de mais velhos, eram músicos melhores. Todos os integrantes da banda moravam juntos em uma casa em North Division Street e o novo integrante logo se mudou para lá. Nesta vida comunitária a banda forjou o seu som e James Osterberg aprendeu a ser um baterista melhor, um profissional melhor e levar ensaios extremamente a sério. Aprende também sobre arte, política e experimentalismo.
Esta seria a formação considerada clássica dos Prime Movers e a banda rapidamente passaria a ganhar fama e respeito pelas cidades vizinhas, graças a uma boa dose de blues tradicional, com pitadas de soul e gospel. Por causa de sua passagem pela banda The Iguanas, o pessoal dos Prime Movers passam a referir a ele como Iggy, o apelido ficando pelo resto de sua carreira. Michael Erlewine comenta sobre seu antigo colega de grupo, que neste ponto de sua vida Iggy é um rapaz que não fuma, não bebe, é extremamente polido, educado e bastante tímido.
The Prime Movers trabalhavam com um empresário chamado Jeep Holland, que era largamente conhecido na cidade graças ao seu trabalho com a principal banda da região na época, The Rationals. Holland tentou transformar The Prime Movers em uma banda pop, seguida a mesma direção apontada pelos BEATLES, que ele usava com The Rationals. No entanto, The Prime Movers recusou a proposta. Tocando e representando exclusivamente música enraizada no verdadeiro blues, The Prime Movers viu passarem várias oportunidades para um contrato com uma gravadora. No entanto, seu firme propósito em promover blues lhe deu extrema credibilidade e a banda conseguiu fama equivalente a outras bandas novas da área como The Amboy Dukes e MC5. Com a fama dos Prime Movers, crescia também a notoriedade de seus integrantes.
Robert Sheff, Iggy Osterberg, Michael Erlewine, Jack Dawson e Daniel Erlewine
Robert Sheff, Iggy Osterberg, Michael Erlewine, Jack Dawson e Daniel Erlewine

Um destes fãs era Scott Asheton que passava a ir até a casa na rua North Division para assistir os ensaios. Certo dia pediu a Iggy se ele pudesse ensinar-lhe como tocar. Iggy o colocou sentado na sua bateria e lhe deu as primeiras dicas sobre o instrumento. Scott demonstrou ter um dom natural para manter a batida no tempo. Embora Iggy já vira esse e outros caras com ele na loja de discos onde trabalhava, foi através do contato com Scott que Iggy passou a conhecer melhor os seus amigos.
O irmão de Scott, Ron Asheton freqüentara a mesma escola que Iggy. Não se falavam, a pinta de mal do Ron não dando espaço, embora a pinta de pobretão de Jim O também não devia ter agido a favor. Os dois se viam pelos corredores, talvez até se cumprimentassem, mas nada muito além. No entanto, foi somente agora, após Iggy freqüentar a faculdade, que passariam a se ver mais, se encontrando perto de um café popular entre os universitários que ficava ao lado de uma drogaria, a Marshall's Drug Store. Com Iggy trabalhando na Discount Records, sua amizade com os irmãos Asheton se aproximaria, firmando-se ainda mais a partir deste período como baterista dos Prime Movers. Junto com os irmãos Ashetons, geralmente estavam seus amigos Dave Alexander e Billy Chetham, todos frequentadores assíduos tanto da drogaria, quanto da loja de discos, Discount Records.